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31 de dez. de 2015

Ano Novo 2015/2016

2016 será regido pelos Orixás Oxalá e Iemanjá.

A regência de Oxalá sinaliza vagarosidade, mas constância. Controle sua ansiedade, planeje, organize, ajeite a direção dos pés e siga em um ritmo constante, sem pressa, ciente de que a direção é mais importante que a velocidade. O ensinamento implícito nesta vagarosidade aponta para o equilíbrio de se administrar muitos aspectos da vida simultaneamente, aceitando que a existência coletiva e a evolução é lenta, para que todos possamos caminhar juntos.

A presença da Grande Mãe Universal ao lado de Oxalá aponta para a criatividade, para o pensamento mais profundo e para a geração. Os anos regidos por Iemanjá costumam se caracterizar pela fertilidade, mas em 2016, segundo as informações do Caboclo Xangô das Pedreiras [cacique do terreiro que frequento], muitos não vingarão.

O momento planetário é de renovação. Aqueles incapazes de conectar diferentes sinais acreditavam que havia previsões que indicavam o fim do mundo para alguns anos atrás. Não estavam de todo equivocados, apenas faltava-lhes unir outras informações para compreender que as previsões assinalavam o início de um período de transformações mais intensas que significariam ao cabo o fim de um estágio planetário.

O planeta terra é uma escola e seu estágio atual pode ser comparado ao jardim de infância, onde estudam aquelas crianças que ainda não aprenderam nada. No estágio seguinte o planeta será uma escola de ensino fundamental, pois entende-se que a maioria das crianças já está apta a um aprendizado mais qualificado. Todavia, há os repetentes que terão de ser transferidos para outra escola com características de jardim de infância.

Neste contexto está sendo oferecido a muitos espíritos a chance de reencarnar, como quem faz uma segunda prova para completar a nota que falta para passar de ano. Muitos, no entanto, precisam apenas de alguns décimos, não mais que algumas semanas no ventre da mãe ou alguns meses por aqui.

Em contrapartida, informa o caboclo de Xangô, aqueles que vingarem, como já ocorre há alguns anos, já são espíritos mais evoluídos que serão responsáveis por conduzir o planeta ao seu novo estágio. Atentem, pois, às crianças que têm nascido nos últimos anos e quão diferentes elas se mostram se comparadas com as gerações anteriores.

A recomendação que ouvimos do caboclo para o próximo ano falava ainda na importância da gratidão, especialmente em relação aos nossos tropeços. Costumamos ser gratos pelas coisas que julgamos positivas, mas é preciso sermos gratos também por aquilo que entendemos como negativo em nossas vidas. As pedras em nosso caminho são lições que precisamos aprender, e mesmo quando algo parece ter dado errado, muitas vezes fomos ajudados para que o prejuízo fosse o menor possível diante das possibilidades.

Para os irmãos de fé que pretendam oferendar os Orixás regentes do ano, segue a mesa para a virada:

Champanhe Brut: Oxalá novo;
Vinho branco seco: Oxalá velho;
Soda limonada: Iemanjá;
Flores brancas.

Abra as garrafas e sirva um copo/taça para cada um. Deixe servido por 7 dias e despache na natureza.


A todos: que 2016 lhes traga aquilo que necessitam para tornarem-se seres humanos melhores. 

23 de dez. de 2015

Natal dos covardes + O Julgamento de Jesus


O que diriam os pregadores da intolerância, os obreiros do justiçamento, os apóstolos do olho por olho dente por dente sobre um homem que manifestou seu amor por um ladrão condenado e lhe prometeu o paraíso? Brandiriam o velho sermonário: bandido bom é bandido morto?

Na próxima quinta-feira, quase todos os brasileiros, inclusive os cônscios moralistas da violência que amarram adolescentes em postes para linchá-los, se reunirão com suas famílias para celebrar mais uma vez o nascimento desse homem.

Sujeito, aliás, que respondeu à provocação: está com pena? Então, leva para casa! Pois, é. Jesus Cristo prometeu levar o ladrão para casa. "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso", diz o evangelho de Lucas.

Jesus optou pelos oprimidos e renegados, pelos miseráveis, leprosos, prostitutas, bandidos. Solidarizou-se com o refugo da sociedade em que viveu, contestou a ordem que os excluiu.

O Cristo bíblico foi um dos primeiros e mais inspiradores defensores dos direitos humanos e morreu por isso. Foi perseguido, supliciado e executado pelo Império Romano para servir de exemplo.

Assim como servem de exemplo os jovens que são espancados e crucificados em postes, na ilusão de que a violência se resolve com violência. Conhecemos a mensagem cristã, mas preferimos a prática romana. Somos os algozes.

Questiono-me sobre o que seria dele em nossa Jerusalém de justiceiros. Não sei se sobreviveria. É perigoso defender a tolerância, o amor ao próximo e o perdão quando o ódio é tão banal. Como escreveu Guimarães Rosa: "quando vier, que venha armado".

Não é difícil imaginar por onde ele andaria. Sem dúvida, não estaria com os fariseus que conclamam a violência e fazem negócios, inclusive políticos, em seu nome.

Caminharia pelos presídios, centros de amnésia da nossa desumanidade, onde entulhamos aqueles que descartamos e queremos esquecer, os leprosos do século 21. 

Impediria que homossexuais fossem apedrejados, mulheres violentadas e jovens negros linchados em praça pública. Estaria com os favelados, sertanejos, sem tetos e sem terras.

Por ironia, no próximo Natal, aqueles que defendem a redução da maioridade penal, pregam o endurecimento do sistema prisional, sonham com a pena de morte e fingem não ver os crimes praticados pelo Estado contra os pobres receberão um condenado em suas casas.

Diante da mesa farta, espero que as ideias e a história desse homem sirvam, pelo menos, como uma provocação à reflexão. Paulo Freire dizia que amar é um ato de coragem. Deixemos então o ódio para os covardes. Feliz Natal.


Marcelo Freixo

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Leitura complementar para reflexão natalina: O Julgamento de Jesus

[Aspectos Jurídicos de]


Há tanto misticismo e confusão acerca da crucificação e ressurreição que acabamos perdendo de vista o fato de que Jesus de Nazaré foi julgado como homem diante de uma corte de homens sob as leis dos homens, condenado e executado como homem, e que como drama, o julgamento de Jesus supera quaisquer dos grandes julgamentos da história da justiça humana.

Abordarei esse assunto como advogado, não como teólogo. Recomendo a pesquisa dos aspectos teológicos dos eventos por conta de cada um. Creio que ter o ponto de vista de um advogado sobre os processos da lei que culminaram na morte de Jesus na cruz cruel do Calvário pode levar a uma melhor compreensão espiritual.

De início eu quero enfatizar que não considero que uma raça inteira de pessoas (os Judeus) tenha causado a morte de Jesus. E também não creio que nenhum Cristão inteligente pensaria isto.

Minha opinião é que apenas uns poucos homens poderosos em Israel - principalmente os sacerdotes superiores daquela nação - foram os responsáveis pela injustiça que ocorreu. Para entender quão grande foi essa injustiça, vamos examinar a lei Judaica como ela existia na época... um verdadeiro e magnífico sistema de justiça criminal.

Sob as provisões da lei Judaica não poderia haver condenação por um crime capital baseado no testemunho de menos que duas pessoas. Uma testemunha era considerada a mesma coisa que nenhuma testemunha. Se houvessem apenas duas testemunhas, ambas teriam que concordar em todos os particulares até os mínimos detalhes.

Sob a lei rabínica, o acusado tinha o direito de ter um defensor (o precursor da garantia de ter um advogado em processos criminais que é definido pela Sexta Emenda da Constituição dos Estados Unidos). Se o acusado não pudesse pagar pela defesa, um defensor seria escolhido para ele. Alguém poderia pensar no caso Gideon versus Wainwright, que deu origem ao sistema de defensores públicos como uma inovação. Mas na realidade essa era a prática das cortes desde há 2000 anos atrás !

Sob a lei Mosaica, um acusado não poderia ser obrigado a testemunhar contra si mesmo. Esse era o espírito da Quinta Emenda: "Ninguém deve ser obrigado a servir de testemunha contra si próprio em nenhum caso criminal." Eis o conceito de "apêlo à Quinta Emenda", que fez parte da justiça criminal desde os tempos de Moisés !

Uma confissão voluntária não era suficiente para a condenação sob a lei Judaica. O ônus da prova ainda era do Estado, que tinha que provar que a confissão, se houvesse sido feita, teria sido feita livremente, de forma voluntária e de plena consciência.

Hoje em dia, os policiais norte-americanos são obrigados a ler os "direitos Miranda" ("Você tem o direito de ficar calado. Tudo o que disser poderá ser usado contra você.", etc ...) para os acusados de forma que a Corte possa determinar que uma confissão seja feita livremente, voluntariamente e conscientemente.

Se uma confissão é feita depois que a lei Miranda foi ouvida e compreendida, a confissão pode ser admitida. Mas não era assim nos tempos de Jesus. A lei Judaica não admitia confissão, sob a crença de que o Estado jamais poderia se basear no que uma pessoa disse de sua própria boca para condená-la.

Uma evidência circunstancial é aquela que não está diretamente ligada ao crime, mas sim relacionada à outras evidências, que juntas, servem para que se deduza como um crime foi realizado. Em um julgamento, as impressões digitais da pessoa (evidência circunstancial) servem para deduzir que o acusado esteve em tal local e tocou em tal objeto, mesmo que ninguém tenha visto o acusado.

No caso em que uma testemunha diz "ouvi um tiro e, quando cheguei à cena segundos depois, vi o acusado com uma arma na mão", essa evidência é circunstancial. O problema é que o acusado pode ter disparado um tiro contra o agressor que fugiu após o crime ou o acusado pode ter sido apenas alguém que pegou a arma depois que o agressor a jogou no chão.

Pois bem, as evidências circunstanciais também não eram admitidas.

Hoje em dia, raramente se vê um caso nas cortes onde as evidências circunstanciais não sejam usadas. Atualmente, em muitos casos as únicas evidências existentes são totalmente circunstanciais.

Os depoimentos do tipo "ouvi fulano falar isso" (o "ouvir dizer") também não eram admitidos na época. Ainda temos essa regra contra admitir depoimentos de testemunhas que não estão no tribunal e que não podem ser examinadas pessoalmente, mas as exceções à essa regra têm demolido as proteções originais aos acusados.

A regra "inocente até prova em contrário" que nossas leis reconhecem hoje (isto é, um acusado é presumido inocente até que sua culpa tenha sido estabelecida por evidências e pela eliminação de qualquer dúvida razoável) também vem da lei Judaica e essa era a regra quando Jesus foi injustamente crucificado.

O acusado de um crime capital só podia ser julgado durante o dia e em público. Esse era o precursor da garantia constitucional de um julgamento em público.

Nenhuma evidência poderia ser apresentada se o acusado não estivesse presente. Isso deu origem ao atual direito que os acusados têm de estarem face a face com as testemunhas depondo contra eles.

As testemunhas não tinham que jurar. O mandamento "Não dirás falso testemunho contra o teu próximo" era considerado suficiente para deter o perjúrio. Mentir na corte era perjúrio - sob juramento formal ou não.

E mais ainda, havia dois desestímulos adicionais ao perjúrio: (1) qualquer testemunha em um caso de crime capital que desse falso testemunho recebia a pena de morte: e (2) se o acusado de um crime capital fosse condenado, as testemunhas eram obrigadas a assistir à execução. Sob essa provisão da lei, as testemunhas geralmente escolhiam suas palavras cuidadosamente e só davam testemunho com grande cuidado !

O Grande Sinédrio, a Suprema Corte Judaica, era a única corte com jurisdição sobre crimes puníveis com a morte. A criação do Sinédrio é atribuída à Moisés. Foi uma corte de 70 membros composta de um Sumo Sacerdote como juiz principal, uma Câmara Religiosa de 23 sacerdotes,uma Câmara Legal de 23 escribas, e uma Câmara Popular de 23 anciãos.

Era a essa corte a que Jesus se referia quando disse que devia ir a Jerusalém e sofrer nas mãos dos anciãos, sacerdotes e escribas. Ele sabia que pela decisão deles ele seria morto.

Extremo cuidado era usado para selecionar os juízes dessa grande corte. Cada um devia ter pelo menos 40 anos de idade com experiência em pelo menos 3 cargos de dignidade gradativamente maior. Cada um tinha que ser uma pessoa de integridade incontestável e tido em alta estima por seus conterrâneos.

Membros do Sinédrio atuavam como juízes e jurados. Eles não tinham um júri separado. Qualquer membro com interesses ou conhecimento pessoal das partes era requerido que se retirasse do julgamento. A Corte tinha que decidir a questão da culpa ou inocência apenas com evidências apresentadas no tribunal.

O Sinédrio era encarregado sob a lei rabínica de proteger e defender o acusado. Nenhum membro da corte poderia atuar inteiramente como acusador ou promotor. A lei requeria que a corte desse aos acusados o "benefício da dúvida" e para ajudar o acusado a estabelecer sua inocência.

Os procedimentos de julgamento eram similares aos nossos. Seguindo-se à audiência preliminar, um sumário das evidências era dado por um dos juízes. Os espectadores eram então removidos do tribunal e os juízes votavam. Uma maioria era suficiente para condenar ou absolver. Se uma maioria votasse pela absolvição, o julgamento terminava e o condenado recebia a liberdade total. Se uma maioria votasse pela condenação, então um procedimento diferente era seguido.

Nenhum anúncio de veredicto poderia ser feito nesse dia. A corte teria que adiar por um dia inteiro. Os juízes recebiam permissão para voltarem às suas casas mas não poderiam ocupar suas mentes em quaisquer atividades sociais ou de negócios. Eles tinham que devotar seu tempo inteiro para a consideração e reconsideração solene das evidências e retornar no dia seguinte para votar de novo.

Nesse segundo dia, qualquer juiz que houvesse votado pela absolvição não poderia mudar seu voto, mas qualquer juiz que, na primeira votação, houvesse julgado o acusado como "culpado" poderia mudar seu voto.

Durante esse tempo, o acusado ainda era presumido inocente.

Uma outra provisão peculiar da lei Judaica era de grande importância, porque um veredicto unânime de culpa resultava na absolvição do acusado! Isso derivava do dever que a corte tinha de proteger e defender o acusado. A lei Mosaica estabelecia que desde que algum membro da corte tinha que fazer a defesa do acusado, um veredicto unânime de culpa indicava que ninguém teria feito essa defesa, que poderia ter havido uma conspiração contra o acusado, e que ele não teria tido um amigo ou defensor. Tal veredicto unânime era inválido e tinha o efeito de uma absolvição.

Israel não era uma democracia com Igreja e Estado separados, mas uma teocracia com Igreja e Estado entrelaçados como uma coisa só. Muitos acreditam que os altos sacerdotes ordenaram a prisão e julgamento ilegal de Jesus, que eles foram quem subornaram Judas, que eles sozinhos é que se sentiram ameaçados pelos ensinamentos de Jesus em público, e que eles sozinhos é que buscaram a morte de Jesus.

A prisão foi ilegal porque ela veio de noite, em violação à lei. Ela foi efetuada através das atividades do conspirador Judas Iscariotes em violação à lei rabínica. Ela não foi resultado de um mandado legal, novamente em violação ao código Mosaico. Os guardas romanos que prenderam Jesus no Jardim de Gethsemane e o trouxeram ao tribunal do Sumo Sacerdote não tinham uma ordem de prisão legal.

O julgamento noturno é uma evidência adicional de conspiração contra Jesus por esses sacerdotes cuja hipocrisia o Carpinteiro denunciava publicamente. Sob a lei do Sinédrio, o primeiro passo deveria ter sido a audiência prévia com a leitura das acusações para o réu em uma corte aberta. O registro (incluindo os escritos de Mateus, Marcos, Lucas, João, Josephus, Philo e os Manuscritos do Mar Morto) não menciona nenhum audiência prévia. E eu assumo que Mateus, Marcos, Lucas e João são testemunhas com credibilidade. Nós podemos crer em seus testemunhos.

O registro diz que a corte procurou testemunhos falsos contra Jesus para justificar condená-lo à morte, mas da primeira tentativa não conseguiram, apesar dos vários testemunhos falsos que surgiram.

Houve perjúrios entre eles, mas ninguém estava disposto a arriscar a terrível conseqüência de mentir contra um homem acusado de crime capital.

Mas finalmente surgiram duas falsas testemunhas, e nos disseram Mateus e Marcos que ambos os testemunhos não concordam entre si. A primeira testemunhou para acusação de blasfêmia dizendo que Jesus havia dito "Eu sou capaz de destruir o Templo." A segunda testemunhou que Jesus havia dito "Eu vou destruir esse Templo."

Não houve outras testemunhas além dessas duas, e elas não concordavam entre si. Jesus deveria ser absolvido ainda antes de ser questionado em sua defesa... e certamente sem ser obrigado a testemunhar contra si próprio.

Porém, o sumo sacerdote Caifás invocou Jesus para que se defendesse (contrariando a lei). "E, levantando-se, o sumo sacerdote no sinédrio perguntou a Jesus, dizendo:Nada respondes? Que testificam  ti?" Jesus não respondeu.

Em vez de proteger e defender o acusado como requerido pela lei deles, o próprio sumo sacerdote se tornou o acusador, em franca violação das regras do julgamento. "Conjuro-te pelo Deus vivo", ele gritou, "que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus !"

Agora, coloquemo-nos na posição de um carpinteiro humilde diante dos homens mais poderosos do país, no maior tribunal da nação. É difícil imaginar quão grande foi a coerção e a pressão !

Embora Jesus pudesse continuar em silêncio, ele decidiu falar. "Se vo-lo disser, não o crereis, e também, se vos perguntar, não me respondereis."

Os sacerdotes novamente perguntaram "És tu o Filho de Deus ?"

A resposta de Jesus foi apenas "Vós dizeis que eu sou."

Caifás então anunciou à Corte "De que mais testemunho necessitamos? pois nós mesmos o ouvimos da sua boca."

O resto dos homens daquela corte terrível, ouvindo essas palavras ditas pelo seu sumo sacerdote, ilegalmente confirmaram seu julgamento gritando "É réu de morte !"

A primeira audiência diante do Sinédrio foi concluída por volta das três da manhã. A Corte só adiou o julgamento até o nascer do sol, embora a lei exigisse que cada um deles deliberasse a sós por um dia inteiro antes da segunda audiência.

Eles retornaram apenas algumas horas depois, ao amanhecer. Lucas nos conta "E logo que foi dia, ajuntaram-se os anciãos do povo, e os principais dos sacerdotes e os escribas, e o conduziram ao seu concílio." Essa sessão foi superficial. Nenhuma testemunha foi invocada. Novamente a lei foi violada ao se exigir que Jesus respondesse à questão repetida "És tu oFilho de Deus ?"

E novamente Jesus respondeu "Tu o disseste", e então acrescentou "Digo-vos, porém, que vereis em breve o Filho do homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu."

Diante disso, a corte gritou "Para que precisamos ainda de testemunhas? Eis que bem ouvistes agora a sua blasfêmia."

A votação foi feita, os votos dos juízes foram contados, e Marcos nos conta "TODOS o consideraram culpado de morte." A importância disso reside naquela provisão peculiar da lei Judaica que requeria a absolvição se houvesse veredicto unânime.

Sob a lei Judaica, a morte por apedrejamento era a sentença apropriada para uma ofensa capital. O povo Judeu não crucificava e esse método de executar a pena de morte era de origem Grega ou Romana. Os Judeus executavam os condenados por apedrejamento, decapitação ou estrangulamento de acordo com a natureza do crime. Para a blasfêmia era prescrita a morte por apedrejamento.

No entanto, o exército Romano que ocupava Jerusalém na época era o único com poder de anunciar e executar sentenças de morte. O Sinédrio tinha apenas autoridade para levantar a acusação perante um magistrado Romano ou governador militar, o qual tinha o dever de rever o processo inteiro em um julgamento separado tendo poder para decidir. Portanto, "logo ao amanhecer, os principais dos sacerdotes, com os anciãos, e os escribas, e todo o Sinédrio, tiveram conselho; e, ligando Jesus, o levaram e entregaram a Pilatos."

Normalmente se diz que o reino de Judah nos deu a religião e a Grécia nos deu as artes, mas Roma nos deu as leis. O sistema judicial Romano era incomparável em matéria de jurisprudência, mas Pilatos não seguiu o sistema Romano. Ele não exerceu julgamento independente de acordo com a lei mas cedeu às pressões políticas dos sacerdotes Judeus, violando assim a própria lei que ele estava encarregado de fazer cumprir.

Sua história é um exemplo de como os juízes devem ser sempre livres de pressões políticas, livres para decidir os casos baseando-se apenas na lei e nas evidências. Como Procurador Imperial na Jerusalém ocupada pelos Romanos da época, Pilatos tinha o dever legal de rever todas as evidências e procedimentos nos casos capitais trazidos até ele pelos líderes Judeus. Ele foi um bom juiz (até que a segurança de seu cargo foi ameaçada pela política).

Os sacerdotes levaram Jesus para a entrada do palácio de Pilatos (Eles não poderiam entrar porque se tornariam impuros, sendo uma época de Páscoa.)

Pilatos foi até eles dizendo "Que ACUSAÇÃO trazeis contra este homem?".

Essa pergunta é importante porque demonstra a intenção de Pilatos em levar o caso como um julgamento à parte desde o início, começando a julgar a própria acusação. Ele não perguntou "Vocês condenaram esse homem de quê?", mas em vez disso perguntou quais eram as acusações.

Os sacerdotes sabiam a importância da pergunta de Pilatos, então eles responderam indiretamente "Se este não fosse malfeitor, não to entregaríamos." Em outras palavras, Pilatos perguntou "qual a acusação contra este homem ?" e os sacerdotes responderam "se ele não fosse culpado não estaria aqui !"

Pilatos percebeu essa tentativa de limitar sua jurisdição e induzi-la a agir de acordo com a vontade deles. Isso o irritou e ele revidou:

"Levai-o vós, e julgai-o segundo a vossa lei !" Os sacerdotes foram então forçados a admitir "A nós não nos é lícito matar pessoa alguma."

Tentemos entender o dilema desses sacerdotes em violação às leis. Se eles apresentassem Jesus como um homem condenado por blasfêmia com o depoimento de apenas duas testemunhas que não concordaram entre si, Pilatos reverteria o veredicto. Se eles apresentassem Jesus como alguém condenado por sua própria confissão, Pilatos também dispensaria o veredicto. E, é claro, se eles informassem que Jesus havia sido condenado por votação unânime, Pilatos entraria com um veredicto de absolvição.

Então, os maliciosos sacerdotes apresentaram Jesus a Pilatos sob uma nova acusação que eles inventaram naquele momento: traição contra César. "Havemos achado este, pervertendo a nossa nação", disseram eles,"proibindo dar o tributo a César, e dizendo que ele mesmo é Cristo, o rei."

Pilatos chamou Jesus para dentro do palácio e o perguntou em privado "Tu és o rei dos Judeus?" E Jesus perguntou a Pilatos para saber a origem da nova acusação:"Tu dizes isso de ti mesmo, ou to disseram outros de mim ?"

Pilatos replicou "a tua nação e os principais dos sacerdotes entregaram-te a mim", explicando com isso de onde havia sido originada aquela acusação de traição.

Era uma coisa plausível que um Judeu acusasse um Romano de traição ou que um Romano acusasse um Judeu, mas naquele momento eram os Judeus mais proeminentes da nação acusando um de seus conterrâneos de crime de traição contra Roma !

Jesus disse a Pilatos "O meu reino não é deste mundo."

E Pilatos insistiu "Logo tu és rei ?"

Jesus respondeu "Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz."

Pilatos então fez a famosa pergunta "Que é a verdade ?"

Jesus não deu resposta alguma senão a presença silenciosa de Si, o cordeiro levado ao sacrifício por mentirosos, de forma que Pilatos saiu para onde os sacerdotes estavam e, de acordo com João, pronunciou sua absolvição enfática do carpinteiro Nazareno. Ele disse a eles "Não acho nele crime algum !"

Até então, Pilatos havia seguido a lei à risca. A lei era boa. A lei teria libertado Jesus mas pela persistência desses maldosos sacerdotes que não se importavam em nada com as leis pelas quais eles mesmos governavam a terra e seus habitantes.

Era intolerável para esses inimigos da verdade que seu complô assassino fosse frustrado dessa maneira. Os sacerdotes soltaram rugidos de indignação "Alvoroça o povo ensinando por toda a Judéia, começando desde a Galiléia até aqui."

Essa acusação era a de sedição (revolta, motim, crime contra o Estado), que era menos odiosa que a traição. Ela exigia a prova de uma motivação corrupta para a condenação, mas ainda nenhum motivo maldoso se pode provar que existira em Jesus.

Pilatos ignorou essa acusação, mas com a referência à Galiléia, ele encontrou uma oportunidade de escapar do que o esperava. Herodes, o Tetrarca da Galiléia, estava em Jerusalém para a Páscoa. Pilatos viu nisso uma chance de transferir a responsabilidade para Herodes, que tinha jurisdição para julgar acusações de sedição. Jesus era Galileu.

Os sacerdotes aprovaram essa ação porque eles pensavam que Herodes faria o que eles quisessem, para ganhar seus favores.

Jesus foi arrastado até o palácio de Herodes, onde as acusações de traição e sedição foram reiteradas.

Herodes, contudo, não se impressionou. Ele havia ouvido a respeito dos ensinamentos de Jesus e o questionou, mas quando Jesus se recusou a responder (um direito de todo acusado), Herodes colocou nele uma túnica branca e o mandou de volta a Pilatos sem dar uma decisão. Se esse procedimento irregular tivesse qualquer status legal, ele levaria a uma nova absolvição. Pilatos concordou.

Lucas nos conta que, quando os sacerdotes trouxeram Jesus de volta do palácio de Herodes, Pilatos saiu de encontro a eles e disse "Haveis-me apresentado este homem como pervertedor do povo; e eis que, examinando-o na vossa presença, nenhuma culpa, das de que o acusais, acho neste homem. Nem mesmo Herodes, porque a ele vos remeti, e eis que não tem feito coisa alguma digna de morte. Castigá-lo-ei pois, e soltá-lo-ei."

Notemos que Pilatos naquele momento cometeu um erro. Ele declarou "Esse homem é inocente. Herodes o julgou inocente e eu o julguei inocente. Eu vou, portanto, castigá-lo e soltá-lo !" Mas que autoridade legal tinha Pilatos para castigar um homem inocente? Por que ele fez isso ?

Apesar de contrária à lei Romana, eu creio que Pilatos fez isso na esperança de que o castigo deixaria os sacerdotes satisfeitos de modo que eles cessariam suas exigências de morte. Assim, Pilatos ordenou  de Jesus, não com uma punição branda, mas com o açoitamento até quase matar, com tiras de couro embutidas com pedaços de chumbo !

A imposição desse açoitamento ilegal foi, em si, um impedimento para punições ainda piores. Qualquer punição adicional violaria as leis tanto de Roma como de Israel, que estabeleciam que, já tendo o acusado sido condenado e punido, ele não poderia ser julgado novamente pelo mesmo crime.

João diz que "desde então Pilatos procurava soltá-lo", mas Jesus foi levado ao quartel dos soldados e despido de sua túnica branca que havia sido dada por Herodes, foi coberto com uma capa púrpura, coroado com uma guirlanda de espinhos, dado uma cana como cetro, e levado para ser confrontado pelos irados sacerdotes novamente.

Pilatos anunciou "Eis aqui o homem."

Os sacerdotes responderam "Crucifica-o!" Tudo isso por ter Jesus desafiado a autoridade daqueles homens que estavam dispostos a violar as leis para causar sua morte, homens que por esta razão corromperam sua própria autoridade.

Pilatos então disse "Tomai-o vós, e crucificai-o; porque eu nenhum crime acho nele." Ali estava um juiz de leis dizendo "este homem é inocente, mas vocês podem matá-lo se o quiserem."

É claro que isso não satisfez os sacerdotes. Eles não ousariam crucificar Jesus sem uma aprovação inequívoca de uma autoridade Romana, porque fazer isso os sujeitaria a uma represália, possivelmente até a morte, nas mãos dos Romanos.

"Nós temos uma lei", eles insistiram, "e, segundo a nossa lei, ele deve morrer porque se fez Filho de Deus." E ao dizer isso, eles revelaram a Pilatos que sua verdadeira queixa contra Jesus era, na verdade, a acusação de blasfêmia.

Pilatos, que não havia ouvido ainda essa acusação, mais uma vez levou Jesus à parte e perguntou "Donde és tu?" Essa era a equivalente às nossas modernas perguntas "De onde você vem? Qual é a sua intenção?" Pilatos queria saber o que Jesus poderia ter feito para enraivecer tanto os sacerdotes ao ponto de violarem as leis sagradas de sua nação para condená-lo à morte ilegalmente.

Jesus não respondeu nada. Pilatos então vociferou "Não me falas a mim? não sabes tu que tenho poder para te crucificar e tenho poder para te soltar?"

Jesus apenas respondeu "Nenhum poder terias contra mim, se de cima te não fosse dado."

Pilatos novamente procurou soltar Jesus, mas os sacerdotes enraivecidos exclamaram "Se soltas este, não és amigo do César." Essa era uma ameaça à Pilatos. Poderia haver graves conseqüências se a mais alta corte de Israel denunciasse Pilatos à César. Pilatos sentiu que uma interpretação errada de seu julgamento poderia chegar aos ouvidos de César. Ele poderia ser visto como se estivesse protegendo alguém que era considerado pelos mais influentes de seus conterrâneos como culpado de traição. Pilatos não teve a coragem de lutar pela justiça contra esses sacerdotes coléricos.

Foi então que a esposa de Pilatos lhe enviou uma mensagem: "Não entres na questão desse justo."

Seu apelo levou Pilatos a tentar um último esforço para salvar Jesus sem arriscar seu cargo. Era costume durante a Páscoa de libertar um prisioneiro escolhido pelo povo. Pelo voto popular, as pessoas poderiam conceder anistia a qualquer um sentenciado à morte.

Eu vejo esse como um dos mais dramáticos momentos de toda a História, mas muito do drama passou despercebido pelos autores e dramaturgos, e uma lamentável confusão resultou em 2000 anos de animosidade desnecessária entre Cristãos e Judeus. Foram os sacerdotes Judeus que buscaram a morte de Jesus, não o povo.

O nome Barrabás em Hebraico significa filho de Abás. Pedro era referido por Mateus como "Pedro bar Jonas", isto é, Pedro filho de Jonas. Bar Mitzvah é traduzido literalmente como Filho da Lei. O nome de Barrabás também era Jesus:Jesus Barrabás.

A pergunta de Pilatos aos sacerdotes foi "Qual quereis que vos solte? [Jesus] Barrabás, ou Jesus chamado Cristo ?"

Eles clamaram, é claro, pela libertação de Barrabás, o notório ladrão e assassino.

"Que farei então de Jesus, chamado Cristo ?", perguntou Pilatos.

Eles gritaram "Seja crucificado!"

"Hei de crucificar o vosso rei?", perguntou Pilatos.

E aqueles sacerdotes (que odiavam César como só os povos conquistados podiam odiar) disseram a Pilatos "Não temos rei senão o César !"

Pilatos enfraqueceu diante daquela ferocidade implacável e entregou Jesus para que o crucificassem. Ele tomou uma bacia de água diante dele, lavou suas mãos nela e anunciou "Estou inocente do sangue deste justo: considerai isso."

Pilatos mandou gravar na cruz "Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus".

Caifás e os outros sacerdotes foram a Pilatos e pediram "Não escrevas 'Rei dos Judeus', mas que ele disse 'Sou Rei dos Judeus'." E Pilatos respondeu "O que escrevi, escrevi."

Jesus foi julgado desde antes de sua audiência. Ele foi acusado de três crimes separados. Os sacerdotes do Sinédrio o condenaram ilegalmente por blasfêmia. Pilatos se recusou a reconhecer esse procedimento inicial. Pilatos, por duas vezes, absolveu Jesus da acusação de traição. Ele foi acusado de sedição diante de Pilatos e Herodes mas foi absolvido por ambos. E ainda assim, Jesus foi executado porque pretensamente se assumiu que ele havia sido considerado culpado de traição. Ameaçado com a possível perda de seu cargo, Pilatos escolheu crucificar Jesus como a maneira mais fácil de calar os coléricos sacerdotes.

Antes das doze horas daquele mesmo dia, Jesus foi crucificado em violação às leis de Israel e Roma, fechando o mais tenebroso capítulo da história da administração judicial e invocando o supremo chamado que o mundo jamais ouvira para que humanos obrassem pela justiça. Dois dos sistemas de leis mais esclarecidos que existiram foram prostituídos para destruir o homem mais inocente que já passou pela face da Terra.

Essa história nunca vai morrer, porque de sua verdade sempre nasce a esperança de toda a humanidade. Mais do que qualquer outro episódio na história do mundo, o julgamento de Jesus clama a todos os homens e mulheres de boa vontade para que trabalhem por um sistema de governo humano pelo qual possamos viver juntos em paz e segurança sob um Estado de Direito administrado com reverência pela Verdade e pelo Amor Caridoso.


Hon. Harry Fogle

Editado por Frederick Graves, JD

(tradutor para português: anônimo)

6 de out. de 2015

Diga-me com quem andas... Lei da Atração



No universo espírita lida-se com um fenômeno chamado ‘obsessão’. Trata-se da influência de um espírito sobre outro causando-lhe algum tipo de prejuízo. É muito parecido às relações parasitárias que aprendemos no primário e ocorre em igual variedade no tipo e na forma que estas relações se estabelecem.

Sem nenhuma dúvida, os dois tipos de obsessão mais comuns são:
A Obsessão Cármica: espíritos que no passado foram ou sentiram-se prejudicados por outro e que agora o perseguem em busca de vingança;
A Obsessão por afinidade: espíritos em desequilíbrio que encontram são magneticamente atraídos por/para um hospedeiro com desequilíbrios afins.
Em diferentes níveis, seria correto afirmar que todos os seres humanos encarnados são afetados por estes dois tipos de obsessores.

Em terreiros de Umbanda e centros espíritas existem atividades em que estes obsessores são incorporados pelos médiuns para que, através de diversas e diferentes técnicas, sejam afastados de seus hospedeiros e, na medida do possível, deem continuidade ao seu processo evolutivo avançando para algum estágio posterior. Porém, o mais normal é que sejam apenas afastados, separados hóspede e hospedeiro, por entender-se que o ‘hóspede’ causa ou intensifica um desequilíbrio [que pode ser de diferentes tipos] natural de seu hospedeiro.

Assim, alguém com tendência a abusar do álcool, por exemplo, atrairá espíritos com a mesma tendência que lhe reforçarão esta tendência. O primeiro passo, caso esta pessoa esteja decidida a mudar de hábitos, é afastar esses espíritos. Porém, caso esta pessoa não consiga mudar seus hábitos, desejos e pensamentos, da mesma maneira que estes espíritos afins foram atraídos para dentro de seu campo vibratório, outros, com as mesmas afinidades, se aproximarão de maneira involuntária.

A Lei da Atração, responsável por produzir este fenômeno, atua magneticamente, como um imã. No entanto, enquanto nos imãs os polos semelhantes se repelem e os opostos complementares são atraídos um para o outro, a Lei da Atração opera de maneira inversa.

Assim, não estando ninguém imune a esta lei, a única maneira de romper em definitivo com o ciclo é o ‘hospedeiro’ transformar seus hábitos e maneiras de sentir e pensar. No espiritismo chama-se este processo de Reforma Íntima. À medida que a afinidade se atenua, igualmente diminui a atração magnética entre ambos.

Em alguns terreiros de Umbanda observa-se uma prática que talvez nos ajude a compreender a frase “diga-me com quem andas e te direi quem és”: nas sessões de desobsessão [quando os médiuns incorporam os espíritos obsessores dos pacientes para posteriormente afasta-los] evita-se, na medida do possível, que os médiuns atendam pessoas de seu círculo de amizades e parentes. Quando o médium incorpora um obsessor que foi atraído para o hospedeiro por conta de suas afinidades com este, será capaz [o médium] de identificar o tipo de desequilíbrio afim entre hóspede e hospedeiro. Por dedução, saberá o médium, ao observar quem ‘anda com o paciente’, quem ‘é’ o paciente.


Trocando em miúdos: diga-me quem são seus obsessores e te direi que tipo de desequilíbrios possuis. 

5 de out. de 2015

Ceticismo é diferente de materialismo

Bom dia!

Como diria o Google, estou com sorte! Já no primeiro post matinal me deparei com uma lição sem precedentes no Facebook, ilustrada em detalhes, sobre a humanidade em uma de suas muitas formas: a crença disfarçada de ceticismo.

O post mostrava duas fotos de uma experiência caseira, porém parte de um experimento científico válido, fundamentado em fatos observáveis, com vasta teoria a respeito, e comprovado em repetidos experimentos que resultam semelhantes. Segue a descrição nas palavras do ‘cientista’ caseiro:

[...] três vidros iguais, com a mesma quantidade de água e arroz. Tampa amarela: não coloquei nada, nenhuma intenção. Tampa azul: Intenção positiva. Tampa vermelha: Intenção negativa. Os potes ficaram próximos, tendo a mesma quantidade de luz ao longo desse tempo. Ao longo do processo percebemos que o pote vermelho borbulhava mais que os outros. Os meninos esqueceram dos potes e hoje mostrei a eles o que aconteceu. Tampa amarela: Começou a se desintegrar e a agua está turva. Tampa azul: Arroz intacto e liquido claro. Tampa vermelha: Arroz totalmente desintegrado.

Não pretendo entrar no mérito do que ele pretende provar e quais suas conclusões. O que me interessa aqui é que QUALQUER UM pode, com um pouco de boa vontade e honestidade, realizar a experiência e comprovar se ela é verdadeira. Mas é preciso BOA VONTADE E HONESTIDADE, afinal, a única diferença entre os 3 potes é a intenção do cientista pesquisador.

Não obstante, um sujeito – cheio de arrogância – fez um comentário sobre: “este tipo de bobagem é que faz as pessoas acreditarem que homeopatia é medicina”. A ‘conversa’ se desenrolou por 40 comentários com destaque para dois argumentos da amiga que compartilhou o post:

Em um ela sugere que ele realize a experiência em casa, no que este responde que já realizou com a intenção de provar sua ineficácia. Ora, se o que está sendo testado é a influência da intenção do cientista pesquisador sobre elementos externos [arroz e água em um pote], qual deveria ser o resultado se a intenção deste era provar que a intenção não influenciaria aqueles objetos?

A amiga então se prontificou a realizar a experiência e mostrar os resultados pelo Skype... Ou seja, apelou para a confiança que seu amigo supostamente deveria ter em sua honestidade. A partir deste ponto eu parei de ler o debate que seguiu por outros caminhos, pois o que me interessava já estava ali.

O ceticismo é essencial, estou convencido disso e me considero um cético, um homem de pouca fé. No entanto, o ceticismo é flexível e necessariamente se rende diante da comprovação de algo. Quando, mesmo após repetir uma experiência diferentes vezes com o mesmo resultado, aquilo que ela comprova segue desacreditado por alguém, não se trata de ceticismo, mas de crença oposta. O sujeito que nega a evidência de que a intenção humana pode alterar as propriedades daqueles potes de água e arroz não é cético, mas um crente do materialismo.

Eu convivo com paradoxo semelhante: sou médium. É parte do meu cotidiano incorporar espíritos que falam e agem através de mim. Diante do ceticismo de alguns eu convido-os a conviver com o fenômeno/experiência. Diante da recusa eu invoco a confiança em meu testemunho, como fez a amiga ao propor realizar ela mesma a experiência e mostrar os resultados.

Quando algum amigo materialista crente e convicto me diz que não acredita na existência de espiritos e na possibilidade de comunicação com estes ele está dizendo, ainda que não tenha se dado conta, que eu sou um farsante e um mentiroso ou um louco perturbado cujos sentidos não são confiáveis. Um cético que não está disposto a realizar as experiências necessárias para comprovar sua teoria, ou que não aceite o testemunho daqueles em que supostamente deveria confiar, não é um cético, mas um crente dos mais radicais, diria mesmo um fundamentalista!


Em tempo: a influência do pensamento humano sobre a matéria é um dos principais tópicos da física quântica. 

4 de out. de 2015

Sobre sacerdócio, abstinência sexual e homossexualidade

1. Espera-se dos sacerdotes que sejam manipuladores energéticos, que sejam capazes de movimentar energias sutis e alterar suas propriedades, nas pessoas e nos ambientes, em benefício destes. Para tanto é necessário possuir energia em si mesmo.  

2. Das diversas fontes de energia encontradas na natureza, a energia sexual é a única produzida pelo ser humano e que pode ser transmutada, ampliada e/ou esvaziada através do ato sexual.

3. O Tantra é uma prática oriental cujo propósito é estabelecer a troca energética através do entrelaçamento amoroso e do ato sexual, transmutando e ampliando a energia em ambos. Todavia, para que ocorra efetivamente depende da capacidade meditativa dos praticantes, de condições específicas de seus centros energéticos chamados ‘chacras’, além de afeto real. Pode ser simples a um oriental – que já nasce meditando e que ao longo da vida possui inúmeras práticas de harmonização dos centros energéticos – mas é inviável para 99% ou mais dos ocidentais que aderem às práticas meditativas depois de adultos.

Não há, pois, impeditivo que sacerdotes, de quaisquer práticas, façam sexo, mas há o entendimento de que se não são capazes de gerar, preservar e transmutar a energia em seus corpos, dificilmente serão capazes de fazê-lo em corpos alheios e nos ambientes, tornando-os pouco eficientes nas tarefas a que se dedicam em seu sacerdócio.

Entende-se, portanto, que é recomendável aos sacerdotes a abstinência sexual, o que também pode ser visto como um exercício do controle do desejo pela vontade, de autocontrole, de submeter seu corpo à sua razão, de controle emocional, etc. Estar no controle das circunstâncias internas é uma premissa para quem pretende controlar as circunstâncias externas.

Não obstante, caso isto não seja possível totalmente, espera-se que a prática sexual do sacerdote seja uma prática amorosa, que contenha alto grau de afeto e respeito mútuo, o que produz transmutação energética e minimiza o desgaste energético. Há ainda questões técnicas sobre a posição dos chacras durante o ato que podem ser encontradas em livros sobre Tantra.


Resumindo: espera-se que um sacerdote possua autocontrole e seja capaz de manipular energias, a começar por sua própria energia sexual. Recomenda-se a abstinência ou a prática do Tantra. Caso isso não seja possível, recomenda-se que esteja em um relacionamento amoroso/afetivo. Não há, neste contexto, nenhuma diferenciação se o relacionamento se dará entre homem e mulher, mulher e mulher ou homem e homem, uma vez que a premissa é a existência de afeto real, e o afeto não escolhe gênero.

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