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31 de mai. de 2012

A Obsessão Espiritual e a Lei



Primeiramente é preciso estabelecer uma premissa, para, a partir desta desenvolver a teoria. Todavia - ainda que não pretendamos apresentar verdades irrefutáveis – é necessário aceitar esta premissa como verdadeira, mesmo que hipoteticamente, uma vez que todo o mais se baseia na aceitação desta primeira afirmação.

A Lei Maior ou Lei Divina, não aceita emendas, não faz concessões e não pode ser desrespeitada. Mesmo aqueles que se opõem a Deus, estão sujeitos às Suas leis.

O avião ao voar, não desrespeita a lei da gravidade, ao contrário, é com base nesta lei que sua estrutura e mecânica são desenvolvidas. A lei da gravidade, bem como todas as leis naturais, atua sobre todos sem fazer distinção e, também assim ocorre com as demais leis que regem o universo.

Também o livre-arbítrio é uma Lei inexorável, bem como as consequências das escolhas, ou, como diria o provérbio chinês: “o plantio é opcional, mas a colheita obrigatória”.

Assim, mesmo aqueles cujo comportamento se opõe a Deus e à Lei, estão submetidos a esta e não a conseguem burlar. São considerados criminosos em função de suas atitudes que visam o benefício individual à custa do bem comum, contudo, tanto suas motivações são permitidas pela Lei quanto a vulnerabilidade de suas supostas vitimas é consequência desta.

Dito isto, sigamos com o assunto proposto...


Quando falamos sobre obsessões, obsessores e obsedados, tendemos a identificar os personagens envolvidos como criminosos e vitimas, sendo os primeiros os criminosos e os últimos suas vitimas. Porém, afirmar isto implicaria em desmentir a premissa acima, pois, se a Lei não pode ser descumprida, toda ação ocorre dentro de seus limites e, portanto, não se caracteriza o crime.

O que estamos afirmando, é que o obsessor, ao atacar e mesmo prejudicar o obsedado, está agindo com o amparo da Lei Maior e não a desrespeitando como costumamos crer. E, não apenas os obsessores não são criminosos, como os obsedados não são vitimas inocentes.

Tudo e todos no universo estão sujeitos à Lei de Ação e Reação, Causa e Consequência ou, como preferem alguns: Carma.

Quando um espirito age sobre outro espirito, com intenção de prejudica-lo, isto se deve a uma brecha existente no comportamento atual ou passado do obsedado, que cria as condições para que o obsessor atue contra ele.

Em alguns casos abordados em outras postagens deste blog, os obsessores se aproximam por afinidade de pensamento - e/ou comportamento - com o obsedado, desenvolvendo uma relação parasitária e muitas vezes simbiótica. Em outras situações, o obsessor é vítima do obsedado, e sua ação é a busca de vingança.

Em qualquer destas circunstâncias, está o obsessor amparado pela Lei do Carma.

É o comportamento atual ou passado do obsedado que permite a ação do obsessor que, plantando sua vingança, certamente colherá as consequências, assim como o obsedado está colhendo as consequências de seu plantio.



A Justiça e a Misericórdia Divinas

É importante compreendermos a diferença entre duas qualidades divinas: a Justiça e a Misericórdia.

A Justiça que atua juntamente com a Lei, determina que de acordo com o plantio seja a colheita, enquanto a Misericórdia é o que permite que uma ação seja interrompida sem que sua causa se altere, possibilitando a “vitima” alterar seu comportamento, bem como as circunstâncias que permitem a ação de seu algoz.

Analisemos as diferentes maneiras que as religiões lidam com este aspecto e observemos alguns exemplos práticos para compreender melhor este assunto.

Assim como a mediunidade é faculdade comum aos religiosos em geral, as práticas de desobsessão ou o afastamento dos “maus espíritos” não são prerrogativa do espiritismo e das religiões de origem africana, estão presentes em muitas religiões, mesmo as mais ortodoxas e apresentam características comuns, como observaremos a seguir.

Exorcismos, descarregos, puxadas, pontos de pólvora, demandas, etc., atuam no desligamento do espirito obsessor em relação ao encarnado obsedado. Na maioria das práticas, o recurso utilizado é a magnetização do encarnado que, durante um período variável de tempo, torna-se imune à aproximação dos obsessores que são violentamente repelidos.

A incorporação do obsessor, seja através de um médium de transporte, seja através do próprio obsedado (como nos casos de possessão), permite o reestabelecimento dos corpos energéticos do espirito que está se manifestando, através da doação de plasma, criando as condições para que este altere sua condição mental e perceba com maior clareza a situação em que se encontra, premissa para que altere seu padrão vibratório e alcance uma situação em que poderá ser socorrido e/ou conduzido novamente ao caminho evolutivo.

As diferentes correntes espirituais apontam dois caminhos possíveis, com diferenças nos métodos adotados, mas também nas premissas que lhes dão origem. O caminho mais usual é o que prioriza o afastamento de obsessor e obsedado, muitas vezes de maneira violenta, causando lesões nos corpos e mentes dos obsessores e demonstrando preocupação exclusiva com o obsedado.

Este caminho, também conhecido como “o caminho da dor” nem sempre é eficiente à médio e longo prazos, e parte da premissa equivocada de que nesta relação obsessor/obsedado há uma vítima (obsedado) e um algoz (obsessor). 

Algumas práticas sequer tentam estabelecer diálogo com o obsessor, não oferecendo a este a oportunidade de rever seu comportamento e optar por uma nova conduta, e retornar assim à evolução através do caminho do amor.

Outras, como o espiritismo, demonstram uma preocupação oposta ao não oportunizar ao obsessor o caminho da dor, oferecendo apenas a opção da alteração da consciência através do diálogo doutrinário. Nestes casos, quando o obsessor não aceita a doutrina, não ocorre o desligamento deste em relação ao obsedado.

As práticas que entendemos mais equilibradas oferecem as duas opções ao obsessor:

- Primeiro ocorre o choque anímico energético através da incorporação, restitui-se os corpos energéticos deste e cria-se a condição mental que possibilita o diálogo, e então tenta-se fazer com que este perceba sua condição.

- Durante o diálogo, são demonstradas ao obsessor as consequências de suas escolhas, na tentativa de conduzi-lo a compreensão de que o caminho trilhado vem prejudicando mais a si mesmo que seu alvo. Quando se verifica a possibilidade, é oferecida a este a chance de, ao alterar sua conduta, retomar a trilha evolutiva servindo nos grupamentos que atuam à serviço da Lei Maior, em funções adequadas ao seu nível evolutivo e respeitando seu conhecimento e experiência pregressa.

- Quando esgotados os recursos que visam o esclarecimento e a conversão do obsessor, para que este retome a trilha evolutiva pelo caminho da palavra e do amor,  se este, mesmo após compreender as causas e consequências de seu comportamento, insistir em sua conduta, será classificado com espirito renitente e conduzido às faixas vibratórias negativas pelos Guardiões que atuam na esquerda, para lá esgotarem seu desequilíbrio até que tenham condições de retomar o caminho evolutivo.

Desta maneira, aplica-se a Lei da Misericórdia, permitindo ao obsedado que se reestabeleça e reorganize sua condição energético-vibratória, alterando seu comportamento e atitude mental e, consequentemente o padrão vibratório que permite a ação do obsessor. A este último, a mesma Lei garante uma segunda via evolutiva, possibilitando-lhe esgotar seus sentimentos desequilibrados, e encontrar o arrependimento e o remorso por seus atos, dentro daquele que é conhecido como o Caminho da Dor.  

Não obstante, convém salientar que os fatos que originaram esta relação obsessor/obsedado permanecem inalterados, bem como as permissões da Lei em relação a estes. Caso o espirito renitente encontre meios para, a partir das regiões inferiores, atacar novamente seu alvo, e ainda, caso este alvo mantenha seu padrão comportamental e conduta moral que mantenha aberta a faixa vibratória através da qual se estabelece a ligação entre ambos, o obsessor segue amparado pela Lei e tem permissão de reaproximar-se de seu antigo algoz para intentar sua vingança.

Conclui-se,  portanto que, para que o desligamento obsessor/obsedado ocorra de forma eficiente, por completo e em definitivo, é imprescindível que um dos dois altere radicalmente seu padrão mental e sua conduta.





Conhecimento, fé e amor ao próximo


Não é à toa que estes procedimentos, da maneira que entendemos a mais adequada, são tão raros de observar. Para que ocorram de maneira eficiente e beneficiando indubitavelmente todas as partes envolvidas, é necessária a confluência de diversos fatores, como salientamos anteriormente.

É essencial a individualização de cada caso, para que ocorra nos termos que citamos, não sendo possível estabelecer este nível de diálogo em sessões coletivas em que apenas uns poucos dirigentes são responsáveis por coordenar inúmeros espíritos.  

Sobretudo, quem dirige o procedimento e o diálogo com o espirito obsessor deve estar à altura da função. 

Quando os dirigentes são os Guias espirituais, sabe-se que possuem as condições fundamentais para exercer a função: conhecimento, fé e amor ao próximo. Todavia, quando aqueles responsáveis pelo diálogo com os obsessores são encarnados, convém que adquiram, antes de aceitar tal responsabilidade, as condições acima.

O conhecimento é imprescindível, não apenas acerca da realidade extracorpórea, bem como dos meandros da mente humana, de psicologia e de comunicação. A capacidade de conduzir a conversa para o caminho que mais lhe interessa, há de ser maior em um dos dois (doutrinador ou obsessor). Neste caso, não é desonesto manipular a mente do interlocutor, a fim de conduzi-la a compreensão daquilo que é fundamental para o bom desenrolar do processo.

A fé, bem como a devida assistência dos espíritos no ambiente é  outro aspecto que não deve, em nenhuma hipótese ser negligenciado. O local deve possuir as “firmações” adequadas e os trabalhos só podem ter início após as invocações de praxe, estando presentes espíritos qualificados a cumprir as diferentes funções que serão exigidas, sendo desde médicos e socorristas, até policiais devidamente armados para conter obsessores mais agressivos e espíritos renitentes.

O amor ao próximo e o desejo sincero de ajudar os irmãos em sua jornada evolutiva deve ser o motivador maior do processo que pretende alterar a relação entre obsessor e obsedado, promovendo o perdão entre os envolvidos e o aprendizado de ambos acerca da Lei Maior e das consequências das escolhas que fazemos.

A autoridade moral também é relevante, pois muitos obsessores são espíritos cultos e inteligentes e, não raro capazes de perceber as falhas morais de seus interlocutores, podendo mesmo desmascará-los diante de seus colegas, citando comportamentos inadequados para quem pretende apontar os erros alheios.

Não pretendemos aqui apontar erros, mas propor soluções. Somos adeptos da redução de danos e acreditamos que cada um faz o melhor que pode dentro de suas possibilidades, visando sempre auxiliar o próximo, esteja este encarnado ou desencarnado.

Também não há intenção em apontar um caminho único, mas, mais um caminho possível dentre tantos que nos auxiliam em nossa jornada.

Saravá! 

29 de mai. de 2012

A razão na fé Espírita

Por Bernardino da Silva Moreira


A luz da razão iluminou e fortaleceu a  combalida pelo dogmatismo com sua tacanhice de outrora, a  caduca molestada pela ciência, com seu materialismo reducionista, foi reerguida pela ciência espírita. Ante o espiritualismo velho com suas frioleiras surge a Doutrina Espírita com sua lógica irretorquível; a razãoespírita transforma-se em fé raciocinada.


Com o método positivo Kardec mostra a força da razão e nas Obras da Codificação, através de “O Livro dos Espíritos” na pág. 47, prenuncia a exobiologia:
razão nos diz que entre o homem e Deus outros elos necessariamente haverá, como disse os astrônomos que, entre os mundos conhecidos, outros haveria, desconhecidos. Que filosofia já preencheu essa lacuna?


Os Espíritos que viviam sobre a névoa do sobrenaturalismo, devido a fé cega, são também iluminados pela razão no virar da página:
razão diz que um efeito inteligente há de ter como causa uma força inteligente e os fatos hão provado que essa força é capaz de entrar em comunicação com os homens por meio de sinais materiais.


Ao ateísmo que grassava na época, Kardec secundado pelos Espíritos superiores, propõe na questão 4:
Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?


A resposta chega de forma simples e objetiva, com a profundidade característica dos Espíritos superiores:
Num axioma que aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a vossa razão responderá.


No séc. XVII, Blaise Pascal (1623-1662), matemático, físico , filósofo e escritor francês, dizia: “Duvidar de Deus é crer em sua existência.”


Ao panteísmo com sua dialética anfibológica o Espiritismo propõe mais uma vez a razão como :


Pretendem os que professam esta doutrina achar nela a demonstração de alguns dos atributos de Deus: 
Sendo infinitos os mundos, Deus é, por isso mesmo, infinito; não havendo o vazio, ou o nada em parte alguma, Deus está por toda parte; estando Deus em toda parte, pois que tudo é parte integrante de Deus, ele dá a todos os fenômenos da Natureza uma razão de ser inteligente. Que se pode opor a este raciocínio?
- A razão. Refleti maduramente e não vos será difícil reconhecer-lhe o absurdo.


Ora, não é com filosofismos ou com sofismas que chegaremos a verdade. Chega de filosofices!


Kardec comentando a questão 37, esclarece:


Diz-nos a razão não ser possível que o Universo se tenha feito a si mesmo e que, não podendo também ser obra do acaso, há de ser obra de Deus.


A conclusão semelhante chegou o genial físico alemão Albert Einstein (1879-1955), quando responde a seus opositores, partidários do acaso: “Deus não joga dados!” Diante da dialética maquiavélica insistente replica: “Deus pode ser perspicaz, mas não é malicioso.”


Allan Kardec e Albert Einstein unidos pela razão na fé descobrem Deus.


fé espírita por não ser cega, caminha com segurança de mãos dadas com o progresso. Kardec deixa claro isso, quando na pág. 196 de “O Livro dos Médiuns”, conclui:


Se a nossa  se fortalece de dia para dia, é porque compreendemos.


 comentando a questão 717, com o bom-senso característico de sempre proclama:


Tudo é relativo, cabendo à razão regrar as coisas.


Essa frase cairia como uma luva na pena de Albert Einstein!


O experimentalismo espírita ou mediunismo, sem dúvida, é um dos elementos importantes para os investigadores na busca por informações do mundo espírita, mas, isso não é tudo. Espiritismo não é mediunismo, é uma doutrina filosófica com base científica e conseqüências religiosas profundas, daí o Codificador espírita advertir, na pág. 484:


Falsíssima ideia formaria do Espiritismo quem julgasse que a sua força lhe vem da prática das manifestações materiais e que, portanto, obstando-se a tais manifestações, se lhe terá minado a base. Sua força está na sua filosofia, no apelo que dirige à razão, ao bom-senso.


Na conclusão de “O Livro dos Espíritos, Kardec sintetiza o assunto em questão em uma curta frase, na pág. 493: “O argumento supremo deve ser a razão.”


Ao iniciar “O Evangelho segundo o Espiritismo” no primeiro capítulo, no subtítulo “Aliança as Ciência e da religião”, Kardec faz a grande revolução do século XIX, fundindo a razão e a fé, na 58:


A Ciência e a Religião não puderam, até hoje, entender-se, porque, encarando cada uma as coisas do seu ponto de vista exclusivo, reciprocamente se repeliam. Faltava com que encher o vazio que as separava, um traço de união que as aproximasse. Esse traço de união está no conhecimento das leis que regem o Universo espiritual e suas relações com o mundo corpóreo, leis tão imutáveis quanto as que regem o movimento dos astros e a existência dos seres. Uma vez comprovadas pela experiência essas relações, nova luz se fez: a fé dirigiu-se à razão; esta nada encontrou de ilógico na : vencido foi o materialismo.


No passado a fé e a razão foram espadas afiadas nas mãos de teológos (padres) e sábios (filosófos e cientistas). A fé cega motivada pelos teológos e padres alimentou a credulidade, e a razão cética motivada pelos pelos filósofos e cientistas, alimentou a incredulidade.


Na pág. 302 do livro em questão Kardec mostra as distâncias entre ver e compreender:


 necessita de uma base, base que é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer. E, para crer, não basta ver; é preciso, sobretudo, compreender.


 que tem base no ver é a  de São Tomé, é “ver para crer” e bem sabemos que essa  não é suficiente para converter, os ícones do materialismo extremado. Só a fé do saber dá as bases seguras para compreensão e aceitação.


Por isso Kardec no virar da página adverte:


Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.
No livro “A Gênese” Kardec reforça as bases científicas doutrinárias, página 88:


fé ortodoxa se sobressaltou, porque julgou que lhe tiravam a pedra fundamental. Mas, com quem havia de estar a razão: com a Ciência, que caminhava prudente e progressivamente pelos terrenos sólidos dos algarismos e da observação, sem nada afirmar antes de ter em mãos as provas, ou com uma narrativa escrita quando faltavam absolutamente os meios de observação? No fim de contas, quem há de levar a melhor: aquele que diz 2 e 2 fazem 5 e se nega a verificar, ou aquele que diz que 2 e 2 fazem 4 e o prova?


E para fechar com chave de ouro essa questão, no livro “Obras Póstumas” na página 220, Kardec que foi um ilustre pensador do séc. XIX, declara convicto:


Proscrevendo a fé cega (o Espiritismo), quer ser compreendido. Para ele, absolutamente não há mistérios, mas uma fé racional, que se baseia em fatos e que deseja a luz. Não repudia nenhuma descoberta da Ciência, dado que a Ciência é a coletânea das leis da Natureza e que, sendo de Deus essas leis, repudiar a Ciência fora repudiar a obra de Deus.


Fonte: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/bernardino/a-razao-e-a-fe-espirita.html

Bibliografia:

  1. O Livro dos espíritos, Allan Kardec, Tradução de Guillon Ribeiro, 76ª edição, FEB.
  2. O Livro dos Médiuns, Allan Kardec, tradução Guillon Ribeiro, 62ª edição, FEB.
  3. O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec, tradução Guillon Ribeiro, 112ª edição, FEB.
  4. A Gênese, Allan Kardec, Tradução Guillon Ribeiro, 37ª edição, FEB.
  5. Obras Póstumas, Allan Kardec, Tradução Guillon Ribeiro, 26ª edição, FEB.
  6. Grande Enciclopédia Larousse Cultural, Nova Cultural, 1998, vol. 18, pág. 4474 – vol. 9, pág. 2042.

26 de mai. de 2012

Os mecanismos da dor, a evolução humana e o ceticismo científico

Vinde a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei. Porque comigo o fardo é leve e o jugo é suave.


Este vídeo/palestra é deveras longo e, portanto, muitas pessoas deixarão de assisti-lo por falta de tempo e/ou interesse. Contudo, por entendê-lo como interessantíssimo e, no desejo de retransmitir sua mensagem ao maior número possível de pessoas, tentarei resumir os principais assuntos abordados neste, ainda que, para isso, tenha que deixar de lado alguns tópicos menos importantes, mas também interessantes e relevantes.

Anete Guimarães é Psicóloga, pesquisadora e oradora e, neste vídeo/palestra, aborda um tema recorrente: o ceticismo científico. Em um debate com ateus, lhe é solicitado que comprove cientificamente a seguinte frase de Jesus: "Vinde a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei. Porque comigo o fardo é leve e o jugo é suave."


               
A palestrante Anete Guimarães, quando estudante na faculdade de medicina, depara-se com um desafio proposto por colegas ateus que defendiam a tese de que pessoas religiosas deveram ser proibidas de ingressar em cursos científicos, pois - segundo eles - é incompatível o pensamento racional e lógico e a crença religiosa. Diante da contra-argumentação surge o desafio: comprove cientificamente a frase [supostamente] dita por Jesus: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei. Porque o meu jugo é suave, e meu fardo é leve." 

40 arroubas ficarão mais leves "com Jesus"? 

Primeiramente, faz-se necessário compreender a qualidade da dor, enquanto uma característica fisiológica cujo propósito é avisar e educar o organismo acerca do comportamento prejudicial à saúde deste. Assim, é a dor que nos impede de pisar com o pé machucado, o que inevitavelmente agravaria a lesão e, é a mesma dor que nos impede de tocar uma superfície que sabemos quente, pois aprendemos que o contato com esta superfície provoca queimaduras, e dor. 

A dor funciona como um alarme que acusa a morte de células no organismo, podendo ser localizada (quando morrem células em uma região específica) ou difusa (quando morrem células por todo o organismo). Assim, ao detectar a morte das células, um estímulo elétrico é enviado à medula provocando a sensação de dor.

É preciso ainda observar a existência individualizada da dor, como sendo percebida de diferentes maneiras por diferentes pessoas. Existe na medula um local chamado “Gate Control”, ou Portão de Controle.  Este local tem esse nome em função de sua principal característica: abrir-se e fechar-se. Quando aberto, todos os estímulos dolorosos são recebidos e, quando fechado, ocorre o oposto.

As variações de percepção da dor em diferentes indivíduos devem-se à variação na abertura deste portão: portão aberto = mais sensação de dor, portão fechado = menos sensação de dor.

Mas, o que faz com que este portão se abra ou se feche? Existe no cérebro uma região chamada Sistema Analgésico Central e esta região produz duas substâncias que tem ação direta sobre este portão: as Encefalinas e Endorfinas. Quando o Sistema Analgésico Central produz e libera estas substâncias em grande quantidade, o portão se fecha e a dor gradativamente diminui, em contrapartida, quando essas substâncias não são produzidas e liberadas na corrente sanguínea, o portão se abre e o estímulo da dor é maior.

O que determina a maior ou menor atividade no Sistema Analgésico Central está diretamente relacionado com sua localização: o Sistema Analgésico Central está localizado em uma área do cérebro chamada Arqueocórtex, que pode ser encontrada também em outros animais e que é responsável pelas ações instintivas e pelos sentimentos irracionais, em oposição ao Neocórtex, que se desenvolveu posteriormente (na escala evolutiva) nos humanos e que é responsável pelas funções superiores, aquelas que nos diferenciam dos animais, por exemplo: os sentimentos de amor, de caridade, de solidariedade, de fraternidade, a capacidade de criar e elaborar que é atributo do homem.

Quando há muita atividade no Arqueocórtex, ou seja, quando nossas atitudes são puramente emocionais (não racionalizadas) e instintivas, verifica-se menor atividade no Sistema Analgésico Central, consequentemente, menor produção de Encefalinas e Endorfinas e maior incidência de dor. De maneira oposta, quando nossas atitudes se baseiam nas funções superiores desenvolvidas no Neocórtex, verifica-se um aumento na atividade do Sistema Analgésico Central e, consequentemente, aumento na produção de Encefalinas e Endorfinas, fechamento do Gate Control, e a diminuição da dor.

Neste ponto da palestra, Anete Guimarães pergunta o que significa estar com Jesus, e responde: Jesus deixa claro em 7 sermões e 49 parábolas que, para estar com ele é necessário uma série de condutas, que incluem amar ao próximo como a si mesmo, praticar a caridade, a humildade, perdoar as ofensas, etc.

Argumenta ainda a palestrante que, as práticas que nos aproximam de Jesus, estão relacionadas com o Neocórtex. Portanto, quem está com Jesus, consequentemente utiliza mais o Neocórtex, liberando o Arqueocórtex, aumentando a atividade do Sistema Analgésico Central que produz e libera na corrente sanguínea maior quantidade de Encefalinas e Endorfinas, responsáveis por fechar o Gate Control e diminuir a sensação de dor. Portanto, quem está com Jesus sente menos dor.

Voltemos então à frase que deveria ser explicada à luz do conhecimento científico: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei. Porque o meu jugo é suave, e meu fardo é leve."  

O peso dos objetos só pode ser medido com exatidão através de ferramentas [balança], e isto se deve à relatividade da relação força vs peso. O que pode parecer demasiado pesado para uma criança relativiza-se em leve diante da força de um adulto. Logo, o que é pesado para alguns é leve para outros e isto se manifesta em sensações físicas que transmitem ao cérebro a extenuação do músculo e consequente dor localizada na região que realiza o esforço físico.

Como vimos anteriormente as sensações de dor são percebidas de diferentes maneiras em diferentes pessoas, devido à abertura e fechamento do Gate Control. Aqueles cujas atitudes ativam o Neocórtex sentem menos dor que aqueles cujas atitudes utilizam o Arqueocórtex. Se a sensação produzida pela relação "força muscular vs peso do objeto" provoca dor localizada causada pelo stress muscular por esforço excessivo, conclui-se que aqueles cujas atitudes utilizam o Neocórtex, por sentirem menos dor, também sentirão de forma mais suave a dor resultante do stress muscular que chamamos cansaço, logo, serão capazes de carregar um fardo mais pesado sentido-o como se leve fosse. Isto não resulta uma alteração real na relação "força muscular vs peso do objeto", mas na percepção pessoal desta relação através do fechamento do Gate Control, obtido pelo uso das faculdades do Neocórtex que, por sua vez, estão relacionadas à atitudes como os sentimentos de amor, de caridade, de solidariedade, de fraternidade, etc., presentes nos ensinamentos de Jesus.

Logo, com Jesus o fardo é mais leve.

O vídeo/palestra diz muito mais e, este pequeno resumo, mais que transcreve-lo, pretende estimular a sua visualização, portanto, nada mais aqui será dito.

24 de mai. de 2012

Provas de Riqueza e Miséria


        Uns nascem na indigência e outros na opulência.
        Há pessoas que nascem cegas, surdas, mudas ou atacadas de enfermidades incuráveis, enquanto que outras têm todas as vantagens físicas.
        É isso efeito do acaso ou da Providência?
Se é efeito do acaso, não o é da Providência;
se é efeito da Providência, pergunta-se onde está sua bondade e sua justiça?
        Ora, é por não compreenderem a causa desses males, que muitas pessoas são levadas a acusá-la.
        Compreende-se que aquele que se torna miserável ou enfermo por suas imprudências ou seus excessos, seja punido pelo que pecou; mas se a alma é criada ao mesmo tempo que o corpo, que fez ela para merecer semelhantes aflições, desde o seu nascimento, ou para delas estar isenta?
        Se se admite a justiça de Deus, deve-se admitir que esse efeito tem uma causa; se essa causa não está nesta vida, deve ser de antes dela, porque em todas as coisas, a causa deve preceder o efeito; por isso, é preciso, pois, que a alma tenha vivido e que tenha merecido uma expiação.
        Os estudos espíritas nos mostram, com efeito, que mais de um homem que nasceu na miséria, foi rico e considerado em uma existência anterior, mas, fez mau uso da fortuna que Deus lhe deu para gerir; que mais de um indivíduo, que nasceu na vileza, foi orgulhoso e poderoso; nô-lo mostram, às vezes submetido às ordens daquele mesmo ao qual comandou com dureza, sob os maus tratos e a humilhação que fez os outros suportarem.
        Uma vida penosa não é sempre uma expiação; freqüentemente, é uma prova escolhida pelo Espírito, que vê um meio de se adiantar mais rapidamente, se a suporta com coragem.
A riqueza é também uma prova, porém, mais perigosa que a da miséria, pelas tentações que dá e os abusos que provoca; o exemplo daqueles que a viveram também prova que é uma daquelas em que, freqüentemente, saem menos vitoriosos.
        A diferença de posições sociais seria a maior das injustiças, quando não resulta da conduta atual, se ela não devesse ter uma compensação. É a convicção que se adquire desta verdade pelo Espiritismo, que dá a força para suportar as vicissitudes da vida e aceitar a sorte sem invejar a dos outros.

Allan Kardec (em "O Livro dos Espíritos")

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