Código de Umbanda Doutrina e Ritual de Umbanda Livro 1 Sobre a necessidade de formação de uma consciência religiosa de natureza umbandista, e sobre polos dos procedimentos e das práticas rituais de Umbanda. |
sétimo Capítulo
Divindades
A doutrina de Umbanda, por ser universalista, não veta ou despreza nenhuma divindade cultuada em outras religiões. O conhecimento mais profundo das hierarquias divinas revela que uma divindade ou um espirito ascenso, ou que se divinizou, tem caráter universal e atende, dentro dos limites da Lei Maior, a todos os que o invocarem solicitando auxílio ou sua intersecção junto a Deus.
A própria transposição dos Orixás da natureza para o interior das nascentes tendas de Umbanda processou-se por meio dos santos católicos, e até do divino Jesus Cristo, que ocultava com sua singela imagem humana o divino mestre Oxalá.
Por isso, a doutrina de Umbanda não refuta o uso de imagens nos templos: por trás da imagem de um espirito santificado oculta-se a presença de um Orixá “humanizado”, por intermédio, justamente, do santo já conhecido de todos.
O conhecimento superior das hierarquias divinas nos mostra que um espirito, quando se universaliza, abre um campo de atuação tão amplo que ultrapassa a religião que possibilitou sua elevação e ascensão dentro das hierarquias divinas sustentadoras da evolução de toda a humanidade.
Por isso, a doutrina da Umbanda recorre aos ícones sagrados de outras religiões e os acolhe como sinais exteriores de divindades pouco conhecidas, mas muito atuantes nos dois planos da vida. E, onde um espirito afim com ela se manifesta como guia de Umbanda, ali se encontra uma imagem, um ícone religioso ou um símbolo gráfico que assinala a regência da tenda e dos trabalhos espirituais pela divindade que o tem amparado no lado espiritual da vida.
E, mesmo que a muitos isso tenha passado despercebido, o fato é que se muitas tendas de Umbanda ostentam em seus altares imagens hindus, elas estão sinalizando que um espirito que ali se manifesta não foi um índio ou negro, mas sim um hindu, em sua ultima encarnação. E que sua formação religiosa se processou em solo hindu, onde ele cultuava uma divindade conhecida por seu nome em sânscrito, que não era um nome africano ou americano e muito menos cristão.
Mas, como o conhecimento das divindades, já em níveis superiores, diz-nos que não existe mais do que um Deus e nem que dois mistérios sejam absolutamente iguais, no entanto, esse mesmo conhecimento nos diz que um mistério divino tem alcance planetário, multidimensional e possui suas hierarquias espalhadas por todas as religiões. Quando uma nova religião é fundada, as divindades planetárias deslocam algumas de suas hierarquias para que se unam às hierarquias das outras divindades planetárias e deem sustentação à nascente religião até que ela própria consiga estabelecer sua hierarquias humanas constituídas só por espíritos formados já dentro de sua própria doutrina religiosa.
Por isso é que na Umbanda se manifestam tantos espíritos “estrangeiros”, quando o lógico e natural seria só se manifestarem espíritos africanos, índios brasileiros e cristãos convertidos às duas religiões naturais que deram origem à Umbanda.
O fato é que hierarquias inteiras foram deslocadas de seus campos de atuação, dentro das religiões que formaram, e foram colocadas à disposição das divindades regentes do nascente Ritual de Umbanda Sagrada. Trouxeram para a Umbanda suas formações religiosas, suas apresentações humanas e suas formas particulares de cultuar o Divino Criador, mas já se adaptando às linhas mestras traçadas pelos espíritos superiores que idealizaram a nascente Umbanda.
O sábio hindu se manifestaria sob o amparo de um dos Orixás, assumiria um nome simbólico de fácil assimilação pelos médiuns e pelos consulentes das tendas de Umbanda. Assim, um espirito já ascensionado, e cuja ultima formação religiosa se havia processado em solo estrangeiro, manifestaria-se em solo brasileiro por novo ritual com um nome simbólico de fácil assimilação, mas que indicasse as irradiações sob as quais se manifestava. E surgiu uma linha de Caboclos “Sultão das Matas”, que se manifestaram logo nas primeiras tendas de Umbanda e fixaram este nome dentro da nova religião. “Sultão” é sinônimo de imperador, e “matas” é sinônimo do elemento vegetal. Logo, o nome simbólico “Caboclo Sultão das Matas” significa Caboclo do Orixá Oxóssi, regente planetário que atua por intermédio da essência, do elemento e da energia vegetal.
Só que o espirito já ascensionado que fundou a linha de Caboclos Sultão das Matas é um “mestre da Luz” hindu cuja ultima encarnação ocorreu a 1.800 anos atrás e já atua em várias religiões, até mesmo na cristã, na qual possui uma ordem religiosa a qual não podemos revelar porque a lei do silêncio nos impede.
O fato é que, o mestre da Luz Caboclo Sultão das Matas, já atua em oito religiões diferentes, nas quais encarnaram e encarnam espíritos há muito já amparados pela hierarquia espiritual fundada por ele no astral, sustentada por uma divindade conhecida na Índia pelo seu nome hindu. No entanto, essa mesma divindade é uma intermediária da divindade planetária que atua por meio da essência, do elemento e da energia vegetal, que na Umbanda todos conhecem e cultuam com o nome de Oxóssi.
Viram como o Ritual de Umbanda Sagrada é universalista? Ele congrega espíritos de todas as esferas espirituais e, dotando-os com nomes simbólicos identificadores das qualidades dos Orixás planetários e multidimensionais, possibilita a eles ampararem seus afins encarnados em solo brasileiro, já atuando dentro dos limites de uma religião brasileira, pois, se as práticas espirituais são comuns a toda humanidade, no entanto, hierarquizadas como as do Ritual de Umbanda Sagrada, só em solo brasileiro elas acontecem.
Em nenhum lugar do mundo e em nenhuma época ocorreram manifestações espirituais tão espontâneas como acontece na Umbanda.
Mas isso escapa aos mais desatentos ou pouco conhecedores das vontades divinas, que se mostram como “religiões”.
Então a Umbanda aceita todas as divindades como exteriorizações dos mistérios divinos, acolhe a todas e reserva a cada uma um meio de melhor amparar os espíritos que Deus Pai lhes confiou.
E as divindades manifestam seus mistérios por linhas de ação e trabalho, mas ocultam atrás de nomes simbólicos ou de ícones religiosos, pois, assim, sem ferirem a suscetibilidade de ninguém, continuam a falar de frente com seus amados filhos adormecidos na carne, onde estão se aperfeiçoando em algum dos sete sentidos capitais.
A doutrina de Umbanda não se antagoniza com nenhuma religião. O Ritual de Umbanda Sagrada congrega espíritos de outras formações religiosas e aceita que todas as divindades manifestem seus mistérios, desde que ocultados por nomes simbólicos identificadores dos Orixás planetários, aos quais estão ligadas e que são seus regentes ancestrais.
Sim, porque se uma divindade humanizou-se, ela o fez sob uma das sete irradiações divinas, ou sete mistérios religiosos de Deus, que no Ritual de Umbanda Sagrada nominamos de “os sete Orixás essenciais”, que são:
· Orixá Essencial da Fé
· Orixá Essencial do Amor
· Orixá Essencial do Conhecimento
· Orixá Essencial da Justiça
· Orixá Essencial da Lei
· Orixá Essencial da Evolução
· Orixá Essencial da Geração
A essência da Fé é cristalina; a essência do Amor é mineral; a essência do Conhecimento é vegetal; a essência da Justiça é ígnea; a essência da Lei é eólica ou aérea; a essência da Evolução é telúrica; a essência da Geração é aquática.
Esses sete Orixás essenciais não têm nomes humanos, mas manifestam-se como irradiações divinas por intermédio dos Orixás ancestrais, que se manifestam por intermédio das divindades intermediárias, que são os regentes dos níveis vibratórios das sete irradiações divinas.
Essas divindades intermediarias humanizaram-se e ampararam milhões de espíritos em evolução, todos afins com as qualidades essenciais dos Orixás ancestrais que as regem pelo alto. Por isso, a doutrina que fundamenta o ritual de Umbanda Sagrada aceita todas as divindades e as nomina por meio do simbolismo de Umbanda.
A doutrina de Umbanda sempre recorre à analogia ou à comparação pra identificar uma divindade e descobrir a qual das sete irradiações divinas está ligada. Quando completa a identificação, sempre encontra na divindade a essência divina manifesta por meio dela e o mistério que ela é em si mesma, pois manifesta qualidades essenciais divinas.
Por isso, a doutrina não aceita certas colocações que tacham de pagãs as divindades das religiões que já cumpriram suas missões junto aos espíritos ou no plano material. Por que pagãs? Só porque eram divindades cultuadas por meio de rituais religiosos antiquíssimos e anteriores até às doutrinas judaica, cristã e islâmica?
O conhecimento nos revela que as divindades não são Deus, mas sim manifestadoras de mistérios divinos. Por isso, atendem a desígnios divinos e, se não as aceitamos, devemos respeitá-las e entender que só se humanizaram para auxiliar a evolução da humanidade e amparar espíritos afins com suas qualidades divinas e qualificações humanas.
A analogia da Umbanda Sagrada nos mostra que as divindades das religiões mais antigas são regidas pelo setenário sagrado, e estudos mais acurados nos mostram que elementos as regem. E o mesmo nos revela o estudo dos Orixás, os quais são cultuados por meio da natureza terrestre e possuem locais específicos para serem ofertados.
Estudando os Orixás, descobrimos a qual hierarquia divina cada um está ligado. E, se nos aprofundarmos um pouco mais, descobriremos que eles sustentam evoluções paralelas à humana, e que acontecem nas dimensões naturais, habitadas por seres que nunca encarnam e que evoluem sem o recurso do corpo carnal.
Estudando o meio onde vivem esses nossos irmãos naturais, descobrimos que eles nos conhecem muito bem e até nos auxiliam em nossa evolução, pois nos enviam continuamente suas irradiações de fé, amor e estímulo.
E, indo um pouco mais fundo no estudo dos nossos irmãos naturais, descobrimos que se preocupam conosco porque, dizem eles, nós já vivemos ao lado deles em nosso estágio anterior da evolução. Tanto isso é verdade que muitos deles se integram às hierarquias naturais regidas pelos senhores Orixás intermediários, que são divindades, pois assim podem vir até a dimensão espiritual e nos auxiliar melhor em nossa evolução.
Todos nós temos irmãos naturais que se preocupam com nossa evolução e sofrem com nossas dificuldades, às vezes aparentemente insuperáveis. Por isso, nunca estamos sozinhos em nossa jornada humana.
E, se nos identificamos com um Orixá ou divindade natural, com certeza recebemos dela um amparo direto. Também algum irmão natural regido por ela nos acompanha bem de perto e desdobra-se para superar rapidamente as nossas dificuldades em evoluir para nos reunirmos a eles nas esferas celestiais. Por isso, a doutrina de Umbanda aceita como natural e correto o culto às divindades identificadas com a natureza e as estuda profundamente, sempre na certeza de encontrar nelas as qualidades superiores dos mistérios divinos.
E, se não torna obrigatório que o culto aos Orixás se realize unicamente nos seus campos vibratórios na natureza, no entanto, recomenda que de vez em quando os médiuns devam ir até um desses campos vibratórios altamente magnéticos e energizadores para eles reverenciarem os sagrados Orixás – divindades naturais, ou da “natureza”.
Por isso, o termo “pagão” é refutado porque possui caráter pejorativo, oculta a ignorância das pessoas quanto às qualidades terapêuticas das energias condensadas nos campos vibratórios onde se realizam os rituais religiosos de culto aos Orixás.
Divindade significa um ser superior irradiador de qualidades divinas e que, se compreendidas, muito nos auxiliam. Logo, religião de Umbanda, na qual muitas divindades antiquíssimas manifestam seus mistérios por intermédio das linhas de ação e trabalho espirituais, recomenda o respeito a todas as divindades ou seres manifestadores de mistérios divinos.
A doutrina de Umbanda fundamenta-se no conhecimento profundo do universo ainda invisível aos espíritos encarnados, e mesmo de muitos dos que desencarnaram e mantiveram-se ligados à matéria.
Por isso, toda tenda de Umbanda dedica uma parte dos seus trabalhos mediúnicos à doutrinação e esclarecimento dos espíritos recém-desencarnados ou ainda adormecidos no materialismo paralisador da evolução. E, sempre que possível, integra-os ao nível terra das hierarquias espirituais do Ritual de Umbanda Sagrada, onde começam a despertar para o universo natural regido pelos sagrados Orixás, divindades naturais assentadas nos níveis vibratórios das sete irradiações divinas do nosso Divino Criador.
E, quando esses espíritos começam a despertar para a grandiosidade do universo regido pelas divindades, um grosso manto escuro é descerrado e eles encantam-se com os Orixás, que os inundam de irradiações de fé, amor e compreensão, pois as divindades sabem que estes seus filhos haviam tido suas memórias imortais adormecidas, e só assim não retornariam antes do tempo às dimensões onde já haviam vivido e evoluído “naturalmente”. Sim, quando um espirito tem sua memória imortal e ancestral despertada, descobre que já havia vivido e evoluído nas dimensões naturais amparado pelos senhores Orixás, aos quais muitas vezes havia refutado quando viveu no plano material sob uma cultura religiosa mesquinha, que negava a existência de divindades e o afastava das hierarquias divinas.
Mas os Orixás acompanham a evolução humana desde sempre, e sabem que o obscurantismo religioso faz parte da humanidade, e muitas vezes atendem à própria necessidade dos espíritos ainda incapazes de viver em harmonia com seus irmãos não encarnantes, chamados por nós de elementais, encantados ou seres naturais.
O obscurantismo religioso serve à Lei Maior para manter afastados do universo natural os espíritos ainda incapazes de conviver em harmonia com seus irmãos ancestrais. E se assim procede a Lei Maior é porque, enquanto não alcançar uma evolução “consciêncial”, um espirito levará para as dimensões naturais todos os vícios humanos e seus desequilíbrios emocionais. Com eles desequilibrarão tanto os seus irmãos naturais como o meio onde eles vivem, pois o universo natural é essencialmente energético e passível de influências mentais negativas.
Deus é perfeito em tudo e até o obscurantismo religioso serve aos Seus desígnios divinos, pois as doutrinas obscurantistas são essencialmente mentalistas e abstratas. Servem para aprisionar os seres em si mesmos e com isso negam-lhes um universo onde não estão aptos a habitar em espirito. Pelo menos, por enquanto!
Por isso, as doutrinas obscurantistas negam as divindades, que chamam de “deuses pagãos”, ou a divindade dos Orixás, aos quais chamam de...
Bom, o fato é que o obscurantismo religioso é a prisão da Lei e as doutrinas obscurantistas têm servido muito bem aos desígnios divinos, que em momento nenhum pune a quem quer que seja. Apenas retém em si mesmo quem ainda não está preparado consciêncial e emocionalmente para viver no universo sem fronteiras, que são as dimensões naturais habitadas pelos nossos irmãos elementais, encantados e naturais.
Mas todos saibam que, se o obscurantismo religioso é uma necessidade dos espíritos menos evoluídos, no entanto não é uma condição insuperável, porque o aspecto “evolução espiritual” é discutível e depende muito da aceitação, pelo ser, da doutrina que lhe está sendo ensinada. E se, em dado momento, o ser tomar consciência de que vinha dando mau uso ao livre-arbítrio, reconhecerá que mesmo dentro de uma doutrina obscurantista está Deus, que nela o retém para seu próprio bem, e que nela o reterá até que recupere sua capacidade de lidar com os mistérios divinos sem prejudicar a si ou aos seus semelhantes. Sim, porque é muito comum as pessoas serem colocadas diante do mistério “Orixás” e não sabem interpretá-los ou lidar co eles por lhes faltar um conhecimento profundo e correto de como eles atuam em nossas vidas. Então recorrem erroneamente aos mistérios, desconhecendo até mesmo o que significa a palavra “mistério”.
Muitos confundem mistério com Ocultismo, com Esoterismo, com cabala, et., pois a palavra já perdeu seu significado original e hoje se presta mais a encobrir a ignorância religiosa do que a esclarecer os procedimentos religiosos.
Houve um tempo (três milênios, pra sermos exatos) em que a palavra “mistério” significava o supra-humano, o incognoscível acerca das divindades. E os sábios que interpretavam os mistérios eram tidos em alto conceito junto aos fiéis, que os distinguiam e os tinham como as pessoas aptas a lidar com o mundo sobrenatural.
Os “mystas” eram os babalaôs de então e formavam uma casta religiosa na Grécia antiga, assim como os “magos” formavam outra na Pérsia. Eram pessoas preparadas para emitir as interpretações humanas dos mistérios de Deus e que, quando abriam as comemorações ou datas religiosas festivas, praticavam rituais invocatórios específicos às divindades.
Como o Cristianismo frutificou rapidamente em uma Grécia exaurida e escravizada pelos romanos, a palavra “mistérios” foi incorporada à religião cristã pelos primeiros padres, que assumiram o lugar dos “mystas” e adaptaram os mistérios à nascente doutrina cristã. Mas faltou a esses primeiros cristãos o conhecimento profundo dos mistérios, que, se todos conheciam por meio dos rituais públicos, só uns poucos os conheciam em profundidade. A partir de então, divagações acerca dos mistérios pulularam, e o conhecimento verdadeiro se perdeu.
Mas, para reparar a lacuna surgida com o desaparecimento dos mystas, nasceram os doutores em Teologia, ou teólogos, que extraíram dos filósofos as interpretações abstratas a respeito de Deus e as incorporaram à doutrina cristã, que se enriqueceu em conceitos abstratos acerca de Deus, mas, por outro lado, ficou carente quanto às hierarquias divinas.
O único meio de reparar essa falta de conhecimento (que só os mystas e os magos possuíam) foi “santificar” expoentes religiosos cristãos, que passaram a ser adorados no lugar das divindades naturais, tão conhecidas pelos antigos sacerdotes “pagãos” e tão temidas pelos padres.
Esse temor só se justifica pela ignorância, pois, se eles acreditavam na divindade de Jesus Cristo, não precisavam temer o poder das divindades alheias. Porém, não só desconheciam as divindades alheias e suas atribuições divinas, mas também lhes interessava dominar a mente das pessoas. Assim, nada melhor do que negar qualquer divindade ou ícone de outras religiões e lançar-lhes a pecha de “deuses pagãos”.
Isso se repete periodicamente na história religiosa da humanidade, e toda doutrina nascente se escuda na negação da divindade da religião que está chegando ao seu ocaso. E um obscurantismo religioso se instala porque só assim a nova doutrina alcança seu objetivo; dominar pela fé a mente das pessoas.
Por isso, a doutrina de Umbanda não proíbe os seus adeptos de estudarem doutrinas alheias. Ela entende que as pessoas precisam comparar os conhecimentos colocados à disposição de tantos quantos se interessarem pelo assunto.
Hoje, temos umbandistas que estudam Teosofia, Gnose, Maçonaria, Budismo, Hinduísmo, Lamaísmo, Cristianismo, Islamismo, Xamanismo, etc., et., etc. E, com isso, enriquecem ainda mais o Ritual de Umbanda Sagrada, pois estão dotando-o com o que de melhor possuem estas outras doutrinas religiosas.
Uma Umbanda esclarecida e escudada em conceitos universais é a melhor garantia de que um líder obscurantista não empolgará esta religião nascente ou que um “papa” não criará seu trono particular, do qual ditará dogmas que assegurarão o domínio da fé e da mente de muitas pessoas.
Afinal, ou uma divindade conquista seus fiéis pelas afinidades, ou não os auxiliará de fato, porque o tempo se encarregará de lança-la no esquecimento religioso.
E o Ritual de Umbanda Sagrada é pródigo em divindades naturais. No seu panteão estão assentadas todas as divindades existentes, ainda que não se manifestem com os nomes pelos quais ficaram conhecidas no passado, já que seus mistérios manifestam-se ocultados nos nomes simbólicos das linhas de trabalho de Umbanda.
A linhada Fé, por exemplo, constituiu tantas sublinhas quantas lhe foram solicitadas pelas divindades. E se sob a regência de Oxalá todos os mistérios da Fé se manifestam, no entanto, eles assumem características próprias e realizam suas missões por meio das linhas de ação e dos trabalhos pontificados por espíritos já ascensionados, que s formaram há séculos ou milênios sob a irradiação das divindades regentes dos mistérios da Fé.
Citemos só um exemplo da antiguidade das divindades que manifestam seus mistérios da Fé por intermédio de uma linha de ação e trabalhos de Umbanda Sagrada: a linha de Caboclos Arco-íris.
O Arco-íris divino é um símbolo religioso cultuado pelos antigos magos caldeus, que o receberam como herança religiosa de outra civilização ainda mais antiga e que remonta à era da mitológica Atlântida, civilização esta que deixou seus símbolos religiosos espalhados por toda a face da terra. Até o famoso castiçal de sete braços foi-nos legado por ela, que colocava nele sete velas coloridas, cada uma de uma cor.
Como o tempo a tudo renova, eis que entre os Orixás encontramos o simbólico Arco-íris Sagrado guardado pelo mito do Orixá Oxumaré, e que é representado pela Serpente do Arco-íris.
Mas uma ordem religiosa astral conservou todos os fundamentos e conhecimentos da religião que tinha como símbolo máximo o arco-iris e que cultuava uma divindade planetária que se renovou em solo africano como Oxumaré. E ele se renovou no Ritual de Umbanda Sagrada, deslocando para o ritual nascente uma de suas hierarquias, que assumiu o expressivo nome de “linha de Caboclos Arco-íris”, presentes já nas primeiras manifestações umbandistas.
O Orixá Oxumaré possui as mesmas qualidades, atributos e atribuições do divino “lá-ór-me-ri-iim-de-re-yê”, cujo nome é um mantra invocador da divindade regente da Fé durante a era Atlântida, quando era simbolizada por um arco-íris que se projetava para o alto e para o infinito.
A divindade da Atlântida é o mesmo Oxumaré africano, que se renovou na linha de Caboclos Arco-íris, que está recolhendo seus afins remanescentes por meio do Ritual de Umbanda Sagrada e reconduzindo-os às esferas luminosas; onde se reintegrarão às hierarquias naturais regidas pela divindade da fé, regente de um mistério que até os velhos babalaôs africanos desconheciam e por isso não ensinavam aos seus herdeiros religiosos.
O divino Oxumaré é uma divindade tripolar, pois atua no alto, no meio e no embaixo, ou seja, tem hierarquias que atuam na Luz, tem as que atuam junto aos encarnados e tem as que atuam nas Trevas.
Suas hierarquias são tão numerosas, mas tão numerosas, que se espalham por todas as religiões atualmente existentes. E não há sequer uma que não manifeste o mistério da Fé regido regido pelo divino “lá-ór-me-ri-iim-de-re-yê”, ou nosso amado pai Oxumaré, renovado na Serpente do Arco-íris. Todo Caboclo Arco-íris é um semeador da fé e saúda o divino Oxalá, pois é por meio do mistério da Fé que ele se manifesta dentro do Ritual de Umbanda Sagrada.
- Oxumaré é um Oxalá?
- Não.
- Oxumaré é o quê?
Oxumaré é um mistério divino que rege a renovação dos seres por intermédio do amor divino, simbolizado por um coração, que por sua vez simboliza uma das Oxuns intermediárias que se humanizou como “Ísis”, a deusa egípcia ainda muito conhecida, pois, igual a toda Oxum, é uma divindade maternal e amorosa.
Viram como o conhecimento religioso abstrato desconhece completamente as hierarquias divinas, como Deus procede e quem são realmente as divindades naturais?
O mentalismo abstrato acerca das coisas divinas foi o único meio de o obscurantismo religioso impor-se e dominar, pois precisava aprisionar os espíritos rebelados contra a rigidez das hierarquias espirituais estabelecidas no astral desde eras remotas e desconhecidas da atual civilização.
O Cristianismo apagou o conhecimento guardado pelos mystas e o Islamismo apagou o conhecimento que os magos guardavam com muito zelo. Por isso, as culturas religiosas cristã e islâmica negam as divindades naturais e canalizam a fé unicamente para Deus: os espíritos rebelados contra a rigidez das divindades naturais só se deixariam conduzir se fosse por meio de doutrinas adaptadas às suas necessidades mais imediatas, que é o retorno ao rebanho divino, do qual se haviam afastado e relutavam retornar.
Deus Pai, em Sua infinita bondade, criou novas religiões e dotou-as com doutrinas obscurantistas que têm acolhido milhões de espíritos rebelados contra a rigidez das hierarquias espirituais regidas pelas divindades naturais.
Se duvidam do que aqui afirmamos, deem uma olhada no que acontece atualmente dentro da recente Umbanda: espíritos encarnados, chamados para religarem-se aos Orixás, que são as divindades naturais, não aceitando submissamente a rigidez das hierarquias, simplesmente viram-lhes as costas e, escudados em uma religiosidade que beira o fanatismo, chafurdam a Umbanda e os Orixás com epítetos próprios de suas consciências maculadas pelo desrespeito aos mistérios de Deus. Mas Este, generoso como sempre, está dando a eles uma doutrina obscurantista. Assim, não confundirão nem a si nem aos seus semelhantes, pois não aceitaram a rigidez das hierarquias espirituais regidas pelos sagrados Orixás.
Muitos daqueles que hoje ocupam púlpitos e esbravejam contra a Umbanda, ontem frequentaram os terreiros, onde só sabiam pedir por bens materiais, tais como: carro novo, nova morada, afastar do caminho um concorrente, etc. Mas como viram meros mercadores da fé, as hierarquias os afastaram e só restou a eles o obscurantismo das seitas neocristãs, pois até o Catolicismo de antes não atendia aos seus anseios imediatistas e materialistas.
Deus Pai, em Sua infinita bondade e tolerância, os encaminhou e encaminhará sempre a outra doutrina, que, além de ser obscurantista, é muito mais rígida que a Umbanda. Por isso, o Ritual de Umbanda Sagrada respeita todas as doutrinas religiosas, e a doutrina de Umbanda respeita e aceita todas as divindades.
Afinal, o aguerrido Orixá Ogum, divindade aplicadora da Lei Maior, concede muito mais liberdade de pensamento aos seus fiéis que o sereno Jesus Cristo, quando comparamos um fiel de Umbanda com um fiel evangélico, já que a este último muitas coisas são proibidas.
A doutrina de Umbanda estimula os umbandistas a estudar as religiões e as divindades, mas sob a ótica comparativa. Com certeza, encontrarão respostas a muitos problemas sociais da atualidade se estudarem as recomendações das divindades aos seus fiéis, a postura dos religiosos enquanto intermediadores dos fiéis junto à divindade e os procedimentos dos fiéis diante da divindade e da doutrina que fundamenta sua religião.
1° - Descobrirão que as divindades exigem dos seus fiéis que sejam generosos, amorosos, humildes, obedientes, submissos, caridosos, etc.
2° - Descobrirão que os religiosos ensinam essas virtudes aos fiéis.
3° - Descobrirão que, apesar de todo esse esforço, os fiéis têm muita dificuldade em proceder como exige a divindade e como recomendam os religiosos.
Nós nunca devemos julgar uma divindade pelo comportamento de seus fiéis, pois estes não são um espelho vivo refletindo as qualidade excelsas de seu regente divino.
Em Jesus Cristo, temos tudo o que um ser precisa para ascender aos céus, e, no entanto, o inferno está coalhado de cristãos. Em Oxum, temos amor suficiente para conquistar o coração divino, no entanto, as Trevas estão coalhadas de filhos e filhas da Mãe do Amor.
Por que isso?
Porque as divindades, que são mistérios de Deus, semeiam doutrinas virtuosas e os religiosos apregoam que só os virtuosos ascendem aos céus, mas os espíritos encarnados, avessos à hierarquia, pois esta implica obediência e renúncia pessoal, preferem a autossatisfação e uma liberdade que beira a libertinagem consciêncial.
A doutrina de Umbanda recomenda aos seus adeptos o respeito e a reverência a todas as divindades, assim como aos seus hierarcas humanos, encarnados ou não, mas que externem as qualidades ordenadoras e excelsas de seu regente divino. Mesmo tendo tantas divindades e tantos instrutores encarnados, ainda assim as pessoas continuam desencarnando e indo estacionar nas faixas vibratórias negativas.
Logo, a existência do inferno ou Trevas não se deve a esta ou àquela divindade, mas sim à rebeldia natural dos espíritos e à pouca atenção que dão ao que deles esperam as divindades.
Código de Umbanda - Rubens Saraceni
Livro 1
Capítulo 7