Código de Umbanda Doutrina e Ritual de Umbanda Livro 1 Sobre a necessidade de formação de uma consciência religiosa de natureza umbandista, e sobre polos dos procedimentos e das práticas rituais de Umbanda. |
quarto Capítulo
A Umbanda e a Sociedade
A tímida Umbanda, nascida às escondidas, hoje se mostra como uma religião de fato, e a cada dia sua existência vem se destacando no cenário religioso brasileiro e adquirindo respeitabilidade ímpar, pois ela é, de fato, a religião brasileira por excelência. Não fica nada a dever às outras religiões que aqui se fixaram.
A Umbanda ainda está na sua primeira idade e já mostra um vigor, uma exuberância, digna do povo brasileiro, também jovem, exuberante e cordial.
A Umbanda é, talvez, a única religião que pode ser chamada de social, pois tem se dedicado desde seu nascimento às pessoas e suas necessidades básicas e imediatas.
Os sacerdotes de Umbanda são oriundos de todas as classes sociais e trazem como formação pessoal suas lides diárias com os vários problemas que assolam a sociedade brasileira e espezinham a vida dos seus cidadãos.
A tímida Umbanda do começo do século XX dedicava-se a consolar, esclarecer e confortar o coração e a mente das pessoas que procuravam nos médiuns um primeiro socorro espiritual.
Esta sua faceta social e socorrista impôs-se como uma de suas características fundamentais. O tempo provou como foram sábios os espíritos semeadores da religião Umbanda, pois até hoje a Umbanda é sinônimo de socorro imediato e pronto socorro espiritual.
Não são poucas as pessoas que acorrem aos centros de Umbanda quando se sentem desenganadas com a medicina, desiludidas com outras religiões e desencantadas com o amparo que a própria sociedade lhes deveria proporcionar. É nos centros, acolhidos por sacerdotes despidos de toda pompa e de todos os tiques religiosos (pois são pessoas simples, mas portadoras de dons espirituais), que os aflitos consulentes recebem palavras de conforto espiritual, consolo fraternal e esclarecimentos que lhes devolverão a fé em Deus e a confiança em si mesmos, auxiliando-os em suas caminhadas terrenas.
Grande tem sido o trabalho realizado pelos sacerdotes de Umbanda, pois sendo eles parte desse povo que luta, sofre e evolui a duras penas, são conhecedores das mazelas da vida daqueles que os procuram.
Divino tem sido o trabalho dos dirigentes umbandistas que, discretamente, têm sustentado em torno de suas federações os muitos centros que nascem naturalmente por todo o Brasil e, desprovidos de recursos materiais, mas movidos pela fé e pela boa-vontade, têm imposto uma ordem às manifestações espirituais que acontecem em todos os cantos e a todo instante, mantendo uma convivência pacífica com as outras religiões desde o nascedouro da Umbanda, quando ela se realizava no fundo dos barracões.
A Umbanda nasceu humilde, entre os humildes, e tem falado a todos os brasileiros por intermédio da humildade. A Umbanda não constrói templos gigantescos ou luxuosos, pois pompa e luxo não fazem parte de seus fundamentos.
Talvez por estarem conscientes da transitoriedade da vida na carne, os sacerdotes de Umbanda não procuram o reconhecimento da sociedade para o imenso trabalho que realizam em favor desta mesma sociedade, Da qual também são membros.
Mas, com certeza, dispensam as luzes dos holofotes porque preferem ser iluminados pela luz do amor divino, amor este que os move diuturnamente e os leva ao encontro das vontades divinas, que são o amor fraterno, a concórdia entre os seres e a espiritualização da sociedade brasileira, berço natal da Umbanda, a única religião que uniu em si três outras religiões: a europeia, a indígena e a africana, mostrando a todos que divisões religiosas só existem na mente dos racistas ou dos preconceituosos, pois aos olhos de Deus todos somos Seus filhos diletos e amados.
A Umbanda, enquanto religião nascente, ainda não está livre da presença dos aproveitadores da boa-fé das pessoas, mas até desses o tempo se encarregará de afastá-los e devolvê-los às suas origens pré-Umbanda.
A nós, os responsáveis no plano material pela guarda da simplicidade da Umbanda e pela sua mensagem fraternal, social e espiritual, compete mantê-la em seu curso natural. É só uma questão de tempo para que a sociedade reconheça o imenso trabalho que ela realiza em benefício do povo brasileiro, sem exigir nada em troca, pois não foi para pedir, exigir ou dominar que ela foi criada. Deus a criou para doar, doar e doar!
A Umbanda doa consolo, conforto, esclarecimentos, fé e amor. E nós, os umbandistas, só queremos doar nossos dons naturais em favor de nossos semelhantes.
Que Deus os abençoe em nome da Umbanda, pois é só uma questão de tempo para todos reconhecerem nela uma benção de Deus e uma dádiva dos sagrados Orixás.
Saravá, meus irmãos em Oxalá!
Código de Umbanda - Rubens Saraceni
Livro 1
Capítulo 4
0 comentários:
Postar um comentário