Código de Umbanda Doutrina e Ritual de Umbanda Livro 1 Sobre a necessidade de formação de uma consciência religiosa de natureza umbandista, e sobre polos dos procedimentos e das práticas rituais de Umbanda. |
sexto Capítulo
Doutrina Religiosa
A doutrina de Umbanda tem caráter universalista e absorveu conceitos fundamentais de outras religiões, os quais se têm mostrado positivos e universais, descartando os dogmas e o Ocultismo.
Os dogmas foram descartados porque paralisam a evolução dos fiéis e petrificam, no tempo, as religiões. Já o Ocultismo foi descartado porque só se adapta a ordens fechadas e seletivas.
Como a Umbanda não é seletiva, mas sim universalista e aberta a todos, sem distinção de qualquer espécie, então o Ocultismo seria um entrave à livre manifestação da religiosidade dos médiuns, que se veriam impossibilitados de tecer comentários acerca de duas práticas religiosas.
E, como a Umbanda tem por finalidade acelerar a evolução dos espíritos, os dogmas não foram aceitos.
Parte do atraso espiritual da humanidade se deve justamente a eles. Dogmas tais como:
§ À mulher é vedada a direção ou condução de rituais religiosos;
§ O sacerdote não deve ter contato com o sexo oposto;
§ O sacerdote deve colocar-se acima dos fiéis;
§ Os sacerdotes formam uma casta à parte;
§ Os fiéis devem obediência cega aos sacerdotes.
E muitos outros, que adentram no conhecimento das divindades cultuadas, mas que se mantêm estáticos no tempo, foram descartados pelos espíritos superiores que idealizam o Ritual de Umbanda Sagrada. Muitas vezes, por trás de um dogma oculta-se a falta de um conhecimento profundo da natureza e dos mistérios de Deus. E isso quando não visam interesses escusos ou dominadores da consciência coletiva de todo um povo.
Por isso, a doutrina de Umbanda é universalista e está aberta à incorporação de conceitos já consagrados, de interesse da maioria dos estimuladores da religiosidade livre do fanatismo e do sectarismo.
Conceitos tais como:
· Só existe um Deus;
· O homem é criação de Deus;
· O homem carne é animado por um espírito imortal;
· O homem foi feito à semelhança de Deus;
· Ao espirito é dado o direito de reencarnar;
· O ser justo e virtuoso ascende aos céus;
· O ser injusto e viciado desce às trevas;
· A toda ação corresponde uma reação
· A prática do bem traz recompensa, e a prática do mal acarreta débitos;
· Uma encarnação deve ser bem aproveitada pois possibilita a aquisição de uma consciência virtuosa;
· Existência do carma coletivo e do individual;
· Existência do recurso reencarnação retificadora;
· Sujeição à Lei das Afinidades;
· Superioridade dos bens espirituais aos bens materiais;
· Prática regular da prece;
· Consagração do ser ao serviço religioso;
· Fraternidade total em relação à raça, à cor, à religião e à cultura;
· Aceitação de hierarquias espirituais e divinas a serviço de Deus na condução do destino dos espíritos menos evoluídos ou dos encarnados;
· Aceitação da manifestação dos espíritos durante as sessões religiosas, quando incorporam e dão orientações, realizam curas, afastam obsessores, anulam magias negativas, etc;
· Evolução contínua dos espíritos.
Enfim, muitos são os conceitos incorporados à religião de Umbanda, mas que foram absorvidos de outras doutrinas pois são vistos e tidos como verdadeiros e indiscutivelmente têm servido para alavancar a evolução da humanidade como um todo. E, como o Ritual de Umbanda Sagrada realiza em seus trabalhos muitas práticas religiosas já antiquíssimas, pois seus idealizadores espirituais são oriundos de muitas religiões, algumas já extintas no plano material, nada mais correto do que incorporar os conceitos verdadeiros que auxiliaram os mentores a evoluir quando, também eles viveram suas muitas encarnações.
Como todas as outras religiões, a Umbanda adotou o simbolismo como um véu diáfano e ocultador dos mistérios divinos que se manifestam durante os trabalhos práticos.
Por trás dos nomes simbólicos dos guias espirituais está a atuação de inúmeros mistérios divinos que sustentaram muitas religiões, ou ainda estão sustentando as que atuam no plano material. Muitas já cumpriram suas missões e recolheram-se ao mundo espiritual, onde continuam ativas amparando seus afins.
O simbolismo é o meio mais prático de salvaguardar os mistérios divinos que, se não forem velados, logo são profanados por pessoas inteligentíssimas, mas movidas por interesses sombrios, tais como as que tentam negar a origem superior e divina de Jesus Cristo, só porque o nosso amado mestre divino se humanizou e nasceu para a carne do ventre bendito de aria.
Tentam, apegando-se a esse procedimento geral ditado por Deus para todo ser vivente na carne, negar a divindade de Jesus Cristo. Mas nós bem sabemos que, se o divino mestre não se furtou a essa regra divina, foi para humanizar-se e se mostrar igual aos quais consagrou sua existência, que somos todos nós.
Jesus Cristo é um mistério de Deus e assim deve ser entendido e cultuado por todos os que encontram nele o lenitivo para as dores da alma e para a comunhão plena com Deus, que por intermédio dele fala aos seus filhos, tanto encarnados como os que vivem no mundo espiritual.
Sim, porque Deus é o Pai de todos, e as divindades, diferenciadas dEle, são Seus mistérios, são os pais de coletividades de espíritos afins em um mesmo grau de evolução espiritual. E é às divindades que Deus recorre para falar de frente, e no mesmo nível, com Seus filhos espalhados por toda a face da terra; aos que vivem na dimensão dos espíritos e aos que vivem nas dimensões naturais paralelas à dimensão humana, assim como aos seres que vivem em outras orbes planetárias, já que é um contrassenso acreditar que o homem é o único ser inteligente no Universo ou seu único beneficiário.
As razões que levaram os espíritos superiores a recorrer ao simbolismo visavam a preservar as divindades que atuariam no Ritual de Umbanda Sagrada, e também a hierarquizar as manifestações dos espíritos que atuariam no nível vibratório “terra” por meio da incorporação nos médiuns de Umbanda.
O nome simbólico ocultador das qualidades da divindade seria comum a todos os espíritos regidos ou ligados ao mistério de Deus, que a divindade é em si mesma.
Não seria o espirito “José da Silva” servo do senhor Xangô que se apresentaria, mas sim um Caboclo, Preto-Velho ou Exu Sete Montanhas, e ponto final, pois o simbólico nome “Sete Montanhas” oculta uma divindade intermediária que rege os mistérios da Justiça Divina e à qual chamamos de Orixá Xangô.
E assim, sucessivamente, aconteceria com toda as divindades e com todos os espíritos que, por meio da Umbanda, manifestariam-se, sustentariam as práticas rituais religiosas e magísticas e acelerariam a evolução de seus afins encarnados ou retidos em faixas vibratórias negativas.
Muitos dos nomes simbólicos dos Orixás, tais como o Senhor Xangô das Sete Montanhas, Senhora Oxum do Coração, Senhor Ogum Megê Sete Espadas, Senhor Oxóssi “Curador”, (Hermes, o deus egípcio). Etc., estão ocultando os nomes que assumiram no plano material quando, a exemplo de Jesus Cristo ou de Buda, humanizaram-se e consagraram-se à evolução e ao amparo religioso de todos nós, os espíritos humanos.
Existe todo um conhecimento oculto pela Lei Maior, mas que envia até nós alguns raios luminosos que nos esclarecem acerca de como surgem as religiões e de que fim levam as divindades que as sustentaram, enquanto estiveram ativas no plano material.
A mais antiga religião ainda em atividade no plano material é a judaica, e, no entanto, ela só tem uns cinco mil anos solares de existência. Logo, os nossos irmãos judeus não devem preocupar-se com os que tentam acabar com sua religião, pois não conseguirão, uma vez que o tempo concedido a todas as religiões é de, no mínimo, sete mil anos solares. E, como assim são as religiões, ainda restam dois mil anos de árduos trabalhos religiosos aos nossos amados irmãos rabinos, no sentido de preservarem a fé em Deus Pai por meio da dogmática doutrina religiosa que tem preservado uma religião maravilhosa como a deles, a qual tem servido de fonte inspiradora a muitas religiões, ainda jovens. Ou o Cristianismo e o Islamismo não são jovens se comparados ao Judaísmo? Ambas beberam do saber dos rabinos para fundamentarem as doutrinas que as sustentam e sustentarão por milênios.
Nenhuma religião se fecha ou se recolhe antes de concluir sua missão na face da terra, esse é um imperativo divino. E, por mais que as outras tentem, mais tenaz é a resistência de seus adeptos ou fiéis, que retiram desses obstáculos a prova da fé que têm em Deus.
Mas algumas, quando concluem suas missões antes do tempo já citado de sete mil anos, e que é um ciclo religioso, recolhem-se e deixam no plano material apenas uma ordem religiosa que outra religião nascente logo incorporará e da qual extrai muitos dos fundamentos que a alicerçarão e darão sustentação à sua nova ou renovadora doutrina religiosa.
Por isso, a doutrina de Umbanda Sagrada adotou o simbolismo como forma de velar os mistérios que, por meio das suas práticas rituais, manifestam-se e passam despercebidos tanto dos assistentes como da maioria dos médiuns.
Por trás de um espírito que responde pelo nome simbólico “Sete Pedreiras” está o mistério divino “Iansã Sete Pedreiras”, que tem por trás a divina Orixá Insã – uma manifestadora diferenciada ou individualizada de Deus por meio de um de Seus mistérios.
Por isso, a doutrina de Umbanda é universalista: seus mistérios (divindades), conservaram-se os nomes africanos dos Orixás, não se restringem unicamente ao continente africano e manifestam-se sob outros nomes para atender a outras culturas e expectativas religiosas. Mas sempre atuam por meio de suas hierarquias, as quais possuem graus intermediários justamente para atender à diversidade cultural e religiosa da humanidade.
O simbolismo adotado mostrou-se fundamental à Umbanda e em pouco tempo alguns nomes de Caboclos, Pretos-Velhos e Exus se tornaram tão populares que dispensavam explicações ou apresentações, já que eram sinônimo de Umbanda e de trabalhos espirituais.
Até a simbologia, ou signos cabalísticos, tornou-se conhecida, e nos pontos simbólicos riscados todos reconhecem na espada o Orixá Ogum, na cruz o Orixá Obaluaiê, no raio o Orixá Xangô, etc.
Então, por essa facilidade de assimilação do simbolismo, a Umbanda também é simbólica e se mostra por meio dos símbolos sagrados ou consagrados conhecidos em outras religiões e aceitos como sinais gráficos religiosos.
Código de Umbanda - Rubens Saraceni
Livro 1
Capítulo 6
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