2 de nov. de 2011

Algumas linhas sobre a Umbanda e sua prática




O texto a seguir não pretende trazer à luz nenhuma informação “nova”, tampouco afirmar verdades irrefutáveis. É um texto simples cujo propósito não é outro que provocar algumas reflexões em uns poucos dentre os que o lerem. Não me pretendo “dono” de nenhuma verdade além da minha própria e, não poderia ser outra a que descrevo aqui.

Foi escrito nas primeiras horas da manhã, sob inspiração mediúnica, mas não se trata de texto psicografado ou transcrito de outro plano. Assumo inteira responsabilidade por sua autoria, bem como pelas afirmações contidas neste. O que aqui é descrito, é fruto da minha observação e percepção e, pode estar em desacordo com a percepção de outrem.


O Caminho
 
O caminho de sua casa até um local de caridade pode ser relativamente perigoso. Há aqui interesses e forças contrárias em ação. De um lado estão seus guias espirituais, que possuem ligações profundas com você e zelam pelo seu bem estar. Foram eles os responsáveis por você ter se interessado em saber mais sobre a Umbanda, e também por você ter encontrado este centro específico da maneira como isso ocorreu.

Há ainda outros espíritos junto a você, que necessitam ir ao centro de Umbanda, eles também tem guias espirituais e intuitivamente sabem que encontrarão lá a ajuda de que precisam para seguir seu caminho evolutivo.

Por outro lado, há também aqueles que não querem que você chegue ao centro de Umbanda: São antigos - e novos - inimigos e espíritos que desenvolveram relações parasitárias com você. Sabem que, uma vez dentro do centro, é questão de tempo para que sejam afastados de você, o que pode significar o fim de uma relação da qual se alimentam ou o fracasso de um plano de vingança.

Estes últimos, tentarão evitar que você chegue ao seu destino, criando pequenos imprevistos aparentemente simples e que tem o objetivo de fazer com que você altere seu planejamento. É bastante comum que a primeira visita a um centro de Umbanda demore a ocorrer, justamente por conta da ação destes espíritos que, criam constantes empecilhos, agindo através de pessoas de suas relações, alterando horários pré-agendados por você e ocasionando problemas para que você, ao dedicar-se a solucioná-los tenha que refazer seus planos e adiar a ida ao centro de Umbanda.

São duas forças opostas, enquanto os primeiros lhe empurram na direção que você precisa seguir, outros tentam lhe impedir. Quando enfim você consegue sair de sua casa em direção ao centro de Umbanda, aqueles que estão atuando para conduzir-lhe neste caminho recebem uma ajuda significativa por parte de espíritos ligados ao centro: São sentinelas que, espalhados pelo caminho que separa sua casa do centro de Umbanda, atuam impedindo que espíritos contrários ao seu desenvolvimento espiritual tentem lhe desviar de seu trajeto.


Chegando ao Centro

Na quadra em que se situa o centro de Umbanda, a presença das sentinelas se intensifica e há, na frente da casa um pelotão de soldados para garantir que apenas “convidados” tenham acesso à casa. 

Entende-se por convidados, todos aqueles espíritos em condição de receber ajuda naqueles domínios, sejam eles espíritos sofredores ou mal intencionados, se a atividade desenvolvida dentro do centro for capaz de auxiliar estes espíritos, sua presença será sempre permitida.

Aqueles que tiveram sua entrada permitida e que portanto, adentraram o centro junto com você, receberão já na porta o choque anímico da defumação. Esta ainda não é a defumação que ocorrerá dentro do centro, mas uma que você não percebe e que está na passagem vibratória que separa a parte interna da parte externa da casa. É aplicada por um Caboclo: Espirito que assume a forma de um indígena e que utilizando-se da fumaça produzida por determinadas ervas em brasa, auxilia na remoção de larvas, parasitas e outras “formas pensamento” que possam estar atuando sobre seus corpos energéticos, como um banho, que visa desinfetar o corpo antes de um atendimento médico mais profundo.

Você provavelmente não percebe, mas seu espirito já está mais leve quando você se acomoda nos bancos para esperar sua vez de receber o atendimento.

Também a ideia de que você está esperando para ser atendido é equivocada. Na verdade, o atendimento começou no momento em que você cruzou a porta de entrada do centro e se intensifica quando você assume sua posição nos bancos destinados à assistência.

Neste momento, diversos espíritos irão agir sobre você, tratando seus corpos energéticos. São espíritos pertencentes a diferentes grupos, que se aproximam de acordo com as tarefas necessárias.

Na condição de espíritos evoluídos, eles percebem, veem e escutam todos os presentes no recinto, incluindo seus pensamentos. O silêncio no plano físico, fundamental para que estes espíritos realizem seu trabalho, não se reflete no plano espiritual, onde os pensamentos estão gritando. Por isso é importante nesta hora que você tente silenciar também sua mente, tentando não pensar em seus problemas cotidianos e, se possível, tente realizar mentalmente alguma oração, pois estas tem o poder de aumentar sua concentração e criar as condições ideias para o atendimento por parte dos espíritos.

Então lembre-se, uma vez dentro do centro de Umbanda, você não está esperando para ser atendido, o atendimento já começou. Mantenha na assistência, a mesma postura reservada para quando estiver diante dos espíritos incorporados no médiuns.


O Início dos Trabalhos

Lá dentro, os médiuns já chegaram e vestiram a roupa branca e, seus guias já estão atuando sobre eles, preparando-lhes os corpos espirituais para que as manifestações mediúnicas ocorram da maneira prevista.

Quando os médiuns dão-se as mãos, criando um círculo unindo o corpo mediúnico ao altar, dá-se a conexão entre os trabalhadores no plano físico e o plano extrafísico. Neste momento serão abertos os trabalhos no plano material, mas os mesmos já tiveram início há muito nos planos espirituais. 

Ainda no plano material, firmações foram feitas mais cedo, convocando os responsáveis por guardar a área externa ao templo.
 
Com os médiuns de mãos dadas, todos os elos da corrente estão fechados e a energia ali presente é condensada para o mesmo propósito. As orações e os pontos, realizados em uníssono, tem o propósito de direcionar esta energia, bem como de invocar para aquele ambiente as forças espirituais que garantirão o sucesso do trabalho a ser desenvolvido.

Uma a uma, as irradiações invocadas respondem, realizando o que é da sua natureza. Cada Orixá representa uma irradiação com uma natureza específica, cada ponto e oração pronunciada pelos médiuns, encontra resposta no astral e traz para o centro de Umbanda as energias e proteções irradiadas pelos Orixás e seus representantes, organizando o cenário energético do templo para os propósitos a que se destinará naquele trabalho.

O altar, também conhecido como “Congá”, funciona como um condensador de energias, onde os espíritos irão reabastecer sempre que necessário e, onde a energia negativa resultante das limpezas é transmutada e redirecionada para a natureza, representada nas figuras dos Orixás.

Impossível quantificar e nomear todos os espíritos que ali se apresentam. Muitos ligados aos médiuns, outros ligados à casa, outros ainda ligados aos consulentes. Espíritos de diferentes origens e graus evolutivos, médicos, indígenas, escravos, magos e antigos sacerdotes de religiões já extintas, cada qual apresentando a forma astral que julga mais adequada à sua manifestação naquele ambiente, reúnem-se em nome de um mesmo objetivo comum: A CARIDADE!


Os Espíritos

Somos todos parte de um mesmo corpo, o corpo de Deus, portanto, auxiliar ao próximo é como auxiliar a si mesmo. A caridade age como células saudáveis que atuam sobre as células enfermas, tornando o todo mais saudável. É com este pensamento que cada um dos seres ali presentes se dedica ao trabalho na linha de Umbanda, alguns trilhando dessa maneira a sua própria evolução, enquanto outros, generosamente, diminuem seu padrão vibratório para auxiliar nos trabalhos.

Na Umbanda, há normalmente três diferentes qualidades de espíritos que se manifestam, e muitas outras que atuam dando suporte a estes.

“Essas três formas, Crianças, Caboclos e Pretos-velhos, podem ser consideradas as principais porque resumem vários símbolos: representam, por exemplo, as raças formadoras do povo brasileiro – indígenas, negros e brancos europeus – e também representam as três fases da vida – a criança, o adulto e o velho – mostrando a dialética da existência. Além disso, trazem valores arquetipais de Pureza e Alegria na Criança; Simplicidade e Fortaleza no Caboclo e a Sabedoria e Humildade dos Pretos-velhos, mostrando o caminho para a evolução espiritual dos sentimentos, do corpo físico e da mente.”

Os Ibêgis, também conhecidos como Cosminhos, representam a ingenuidade e a pureza da infância. São espíritos que desencarnaram ainda crianças e alguns que ainda seguem se preparando para sua primeira encarnação. Apesar de usa ingenuidade infantil, são habilidosos no uso da magia e das energias oriundas dos Orixás e, costumam realizar ajustes energéticos nos corpos daqueles com quem entram em contato sem que estes percebam que estão sendo trabalhados.

Os Caboclos e Caboclas ligados aos Orixás masculinos são espíritos que se apresentam na forma de adultos, com uma postura forte, de voz vibrante, enquanto as Caboclas ligadas às Orixás femininas apresentam-se com uma forma tipicamente relacionada aos seus atributos. Ambos trazem as forças da natureza, manipulando essas energias para trabalhar nas questões de saúde, vitalidade e no corte de correntes espirituais negativas.

Os Pretos Velhos representam a sabedoria envolta em humildade. Apresentam-se como anciões de corpos alquebrados e fala simples e são exímios magístas e manipuladores dos elementos. Mestres da psicologia, costumam conduzir os consulentes a identificar seus erros e rever suas posturas equivocadas, sempre de forma gentil.

Não cabe a quem quer que venha a postar-se diante de um destes seres, questionar seu passado e sua verdadeira essência, mas convém a nós, que tentamos ajudá-lo a compreender a Umbanda, explicar-lhe que após certo estágio evolutivo, adquirem os espíritos a capacidade de “moldar” sua imagem e adequar sua vibração ao trabalho desejado.

Assim, encontramos na Umbanda espíritos que jamais estagiaram na carne na condição de negros ou índios, mas que se manifestam utilizando-se desta roupagem. Espíritos de grande sabedoria e imenso poder, magos brancos de um passado distante, médicos e cientistas do astral superior, muitas vezes se apresentam na forma de um humilde Preto Velho ou de um robusto Caboclo para que sua mensagem seja devidamente compreendida por aqueles à quem se destina.

Infelizmente, a capacidade de alterar sua roupagem astral não é um privilégio dos espíritos benfeitores, também há espíritos de pouca luminosidade chamados “Mistificadores” que se aproveitando de alguns momentos de desconcentração dos médiuns, fazem-se passar por seus guias, mimetizando seu comportamento e mesmo sua fala.


O Trabalho

O Médium de Umbanda é treinado para trabalhar com todos os espíritos do panteão umbandista e, nas casas onde ocorrem os trabalhos de “Demanda”, também como médiuns “de transporte”.

Devido ao seu treinamento, o médium pode alternar diferentes manifestações durante o mesmo trabalho, o que pode resultar em certa confusão por parte dos consulentes, mas é extremamente eficaz para o bom andamento do trabalho.

Consulta com Pretos Velhos

Desta maneira, durante uma consulta com um Preto Velho, onde aparentemente deveriam participar três espíritos (médium, Preto Velho e consulente), participam algumas dezenas destes.

Muitas vezes, enquanto é aplicado o passe magnético e o descarrego das energias densas, o espírito ali presente “da passagem”, ou seja, permite que outro se manifeste. Normalmente, quando isso ocorre, é para permitir a manifestação de um ou mais obsessores que, após receber o choque anímico do contato com o médium encarnado através da incorporação, adquire condições de perceber com mais clareza a situação em que se encontra, abrindo possibilidades para ser encaminhado amigavelmente para os locais onde dará sequência ao seu processo evolutivo.

Durante a consulta, estão presentes ali não apenas o Preto Velho, mas também os Caboclos, Exus, Médicos e demais espíritos que atuam, manifestando-se ou não, nas correntes de Umbanda e, cada um sabe o que deve fazer em cada situação.

Muitas vezes, durante uma consulta, o Preto Velho cantarola pontos de Orixás e Caboclos, às vezes utilizando-se durante este processo de elementos como papéis coloridos, velas, ou ainda charutos, cerveja, etc. Nesta hora os Caboclos que atuam nas linhas invocadas estarão agindo sobre o consulente e muitas vezes podem mesmo incorporar no médium, num processo de “dar passagem” semelhante ao citado anteriormente.

Em outros casos, a irradiação energética dos Orixás condensada no altar, é direcionada para os trabalhos.

Os elementos externos, como papéis coloridos, velas, etc., são também utilizados como condensadores de energia e ao serem manipulados magísticamente pelos Pretos Velhos, criam de imediato uma duplicata destes elementos no astral, onde o “trabalho” seguirá agindo durante o período programado. 

Em alguns momentos você terá a sensação de que o preto Velho na sua frente está pensando, refletindo sobre a sua situação, e pode estar certo. Porém, em muitos casos, neste momento ele está orientando seus auxiliares para que realizem diferentes ações no Plano Astral, desmanchem trabalhos, visitem enfermos, realizem limpezas em ambientes físicos distantes e mesmo capturem determinados espíritos. Eles também podem estar em dois ou mais lugares ao mesmo tempo através da técnica conhecida como desdobramento e acessar seus arquivos emocionais e das pessoas próximas a você, portanto, uma conversa com estes espíritos, nunca é uma simples conversa.

O Preto velho pode ver tudo? Diríamos que quase tudo. Ele pode dizer tudo que vê? Diríamos que quase nunca!

Nem sempre aquele que busca ajuda em um centro de Umbanda, tem condições de ouvir o que de fato está ocorrendo em sua vida. Muitos de nossos problemas atuais tiveram origem em um passado remoto, quando estivemos encarnados em outros locais, com outros nomes, muitas vezes com outro sexo e quase sempre com outros valores morais.

Estou certo de que o irmão que leu este texto até aqui, tem consciência de que seus atos no presente terão consequências no futuro. Da mesma maneira, seus atos passados tem consequência no presente.

Pode parecer improvável e podemos não aceitar certas informações que, por conta disto, são suprimidas. Nem todos estão preparados para encarar o fato de que no passado foram assassinos, ladrões, prostitutas, etc. Difícil explicar a uma jovem ansiosa para dar a luz que ela perdeu essa condição ao realizar sequentes abortos em uma vida passada, para citar apenas um exemplo. Então os Pretos Velhos, em sua sabedoria e sensibilidade, contornam as situações da melhor maneira possível, revelando o que pode ser revelado, e mantendo oculto o que ainda não temos condições de assimilar.

O Trabalho de Demanda dos Caboclos

A incorporação de espíritos obsessores que “pode” ocorrer durante as consultas com pretos Velhos, são a razão de ser dos trabalhos de Demanda. 

Faz-se necessário aqui um pequeno esclarecimento aos irmãos que buscam ajuda acreditando serem vítimas de espíritos mal-intencionados:

Há espíritos amigos e bem intencionados, cujo único desejo é auxiliar, mas que ainda não tem condições para tanto. Normalmente são familiares próximos desencarnados recentemente e que, ainda sentem-se muito ligados aos seus entes queridos. Seguem habitando a casa onde moravam e tentam atuar de forma benéfica junto aos familiares, porém, como não possuem ainda condição para tanto, acabam atrapalhando. Em alguns casos existe por parte do encarnado um comportamento que incentiva essa “presença”, como rezar constantemente dentro de casa, acender velas (em casa), deixar fotos dos falecidos à vista, etc. 

Existem procedimentos adequados, - missas, terços, etc. - que devem ser executados quando do desencarne de alguma pessoa próxima. Mas é importante sobretudo aceitar o ciclo transitório das encarnações, desapegar-se do ente querido e evitar pensamentos e ações que o mantenha ligado ao mundo físico e aos que aqui permanecem. Quando desencarnados e encarnados aceitam a separação provisória ocasionada pelo desencarne, tudo ocorre dentro do esperado e cada um segue seu caminho sem maiores desequilíbrios, quando isso não ocorre, as perturbações são frequentes.

É importante também entender que nem todos os espíritos são mal-intencionados, muitos são sofredores e outros são apenas manipulados por espíritos mais inteligentes que eles, que se utilizam de recursos mentais ou mesmo de sofisticada tecnologia para manipulá-los como marionetes.

Estudiosos do assunto podem ler artigos sobre Obsessores aqui!

Deve-se também levar-se em conta o que já foi dito anteriormente acerca de nossas ações passadas, não nascemos ontem e não somos santos. Muitos daqueles que se manifestam na condição de espíritos vingativos, foram a ainda são vítimas de nossas ações passadas.

Quando em um passado remoto prejudicamos algum de nossos irmãos, muitas vezes sendo responsáveis diretos ou indiretos pelo fim prematuro de uma determinada encarnação sua, conduzimo-lo a um estado emocional de ódio e vingança que, além de mantê-lo atrelado ao nosso espírito na condição de perseguidor, o impediu de reencarnar e assim dar sequência ao seu próprio ciclo evolutivo.

Estes espíritos, que hoje nos atormentam e perseguem, não buscam mais que justiça, embora o façam de maneira equivocada. Não são espíritos malévolos, mas sim nossas vítimas e que merecem agora uma oportunidade de receberem o esclarecimento e o amor que os ajudarão a perdoar e seguir adiante.

Embora aqueles que buscam a Umbanda o façam muitas vezes por motivos pessoais e egoístas, esperando resolver seus problemas, é oportunizando este encontro, permitindo que estejam frente a frente vítimas e algozes, que a Umbanda em sua força e sabedoria, promove o perdão. Mas não se engane, na maioria das vezes você não é a vítima e sim o algoz.

Explicado esse “pormenor”, seguimos afirmando que há nos trabalhos de demanda a presença de inúmeros seres, de diferentes características, prontos a atuar na diversidade de manifestações presentes nestas sessões.

Desde espíritos socorristas, incumbidos de conduzir os irmãos que estagiam nas regiões umbralinas a paragens mais amenas; Médicos e enfermeiros com macas e anestésicos, responsáveis por aqueles que precisam reconstituir seus corpos energéticos em hospitais do Astral; Psicólogos, capazes de conduzir ao entendimento espíritos que ainda não adquiriram consciência de seu estado atual, até policiais truculentos, incumbidos de conter espíritos mais violentos.

Estes espíritos caridosos que atuam na Umbanda receberão diferentes nomes, se mostrarão com diferentes formas, adequadas não ao entendimento dos encarnados, mas dos desencarnados sob os quais suas ações são necessárias.

Encerramento da Sessão

Após o último atendimento, é hora de limpar e harmonizar o ambiente e os trabalhadores. 

A limpeza pesada fica a cargo do Povo de Rua, também conhecidos como Guardiões ou Exus e que se manifestam na Umbanda através da irradiação de Ogum. São eles que, incorporando nos médiuns ou não, realizarão o trabalho de retirar do ambiente e dos trabalhadores as cargas negativas mais pesadas.

A harmonização dos corpos energéticos dos médiuns fica por conta das Caboclas ligadas às Orixás da água: Oxum, Iemanjá e Oxum-Maré.

Após o encerramento, as devidas orações e agradecimentos, é a vez dos Ibêgis da falange de Cosme e Damião trazerem sua vibração leve e alegre para reciclar a vibração densa e pesada que ainda resta nos médiuns e no ambiente.

Reforma íntima

"A moral dos Espíritos superiores se resume, como a do Cristo, nesta máxima evangélica: 'Fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos fizessem', ou seja, fazer o bem e não fazer o mal. O homem encontra nesse principio a regra universal de conduta, mesmo para as menores ações." (Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Introdução VI. Resumo da Doutrina dos Espíritos.)

Para concluir, faz-se necessário falar dos objetivos e meios para alcança-los através da Umbanda.

Normalmente, buscamos a religião em busca de um ou mais objetivos pessoais: Saúde - nossa ou de pessoas que nos são queridas; Dinheiro - ou trabalho que o possibilite; Conforto fraternal após a perda de familiares próximos ou problemas mediúnicos de toda ordem.

Afirmamos, sem medo de errar, que muitos problemas da vida cotidiana se resolvem através dos atendimentos espirituais. Se o problema em sua origem é espiritual, se a causa primeira deste é a ação de espíritos, é muito provável que na Umbanda você encontre as soluções para o mesmo. Porém, a Umbanda não trabalha sozinha, não opera milagres a quem quer que os solicite, a Umbanda trabalha condicionada pelas Leis do Pai Maior e, dentre tantas, podemos citar o “merecimento” e a lei de “ação e reação” como fundamentais no processo espiritual.

Na oração do “Pai Nosso” que repetimos no início e no término dos trabalhos e em nossas casas, em um determinado momento solicitamos ao Pai que: “Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores”. Você já refletiu sobre esta frase?

Pedimos ao Pai que perdoe as nossas dívidas, nem menos nem mais, mas na exata medida em que somos capazes de perdoar os nossos devedores. É dando que se recebe, também o perdão.

A imensa maioria dos atendimentos na Umbanda está relacionada a espíritos que atuam sobre nós e, com ou sem intenção, nos prejudicam. Nem sempre, como poderia pensar um irmão desinformado, trata-se de espíritos atuando fora das Leis Divinas, ao contrário: Estes espíritos estão junto a nós obedecendo a Leis Naturais, dentre elas a Lei da Atração dos Semelhantes - na qual o nosso comportamento e pensamentos cotidianos é o responsável por atrair aqueles que agem e pensam de forma parecida - e a Lei do Eterno Retorno – quando aqueles que prejudicamos no passado sentem-se no direito de nos fazer experimentar nosso próprio veneno. 

Muitos dos espíritos que atuam sobre nós e nos prejudicam, não o sabem e não tem a intenção de nos prejudicar. Eles são naturalmente atraídos por nossos pensamentos e atitudes. Para a Umbanda, que atende estes espíritos e os encaminha, você é uma eterna fonte de trabalho, trazendo semana após semana estes espíritos para nós, mas se você deseja que algo mude em sua vida, precisará mudar sua maneira de pensar e agir, para que estes espíritos não sejam mais atraídos para junto de você.

Pensamentos de revolta, raiva, inveja, sofrimento, auto piedade, cobiça, egoísmo, rancor, frustração, etc., funcionam como imãs e atraem espíritos nessas condições.
Atitudes como julgar o próximo e falar da vida alheia, atrai espíritos semelhantes, que irão lhe julgar também e, quem dentre nós seria absolvido no próprio julgamento?

Muitos dos espíritos que nos atormentam, estão ligados a nós há muitas encarnações e assim permanecerão até que consigam nos perdoar pelo mal que lhes causamos no passado. Só então terão condições de prosseguir seus caminhos. Mas, como dizemos no “Pai Nosso”, seremos perdoados na mesma proporção que perdoarmos. Se não somos capazes de perdoar “os nossos devedores” e aqueles que nos causaram algum mal, por que seremos merecedores do perdão por parte daqueles a quem prejudicamos? 

A eterna vigília e a higiene mental são ferramentas fundamentais para que possamos evoluir nosso padrão vibratório, sem elas, seguimos emanando os mesmos pensamentos e energias e criando as condições ideias para que nossos problemas sigam se reproduzindo. 

Podemos aqui, de forma simplista, comparar a Umbanda à medicina: Quando o médico diagnostica uma doença em você, normalmente, além do remédio que irá tratar os efeitos da doença, ele lhe indica que reformule seus hábitos, para que cesse a origem da doença. Caso você tome a medicação, mas permaneça agarrado a seus hábitos, a doença irá retornar cada vez com mais força.

  •  À pessoa com problemas pulmonares, será recomendado, além do tratamento, que deixe de fumar, que pratique exercícios. De muito pouco adiantará a medicação se esta pessoa não seguir as recomendações, acabará sofrendo de insuficiência respiratória novamente.
  •   À pessoa com problemas cardíacos, além da medicação, será recomendado que deixe de consumir certos alimentos e que passe a ingerir outros, bem como que pratique determinados exercícios e abandone outros. A não observação das recomendações, tornará inútil o tratamento e o infarto será a consequência natural.
Também assim ocorre no mundo espiritual, há causas e efeitos. A Umbanda trata os efeitos e lhe indica o caminho para evitar as causas. Se você insistir em manter os mesmos hábitos e pensamentos, as causas permanecerão e, por consequência, os efeitos retornarão, tão certo como 2 + 2 = 4.


Sobre a Mediunidade

A manifestação dos espíritos na Umbanda, se dá através do processo mediúnico que é, à grosso modo, a capacidade de comunicação com outros planos da existência. 

Ser médium, está diretamente relacionado com esta capacidade que, por sua vez, ocorre graças a determinadas condições dos corpos energéticos destas pessoas.

Em uma analogia simplista, poderíamos afirmar que o médium é semelhante a um atleta: Seu corpo apresenta predisposição para determinadas práticas e o exercício e treino contínuos irão aprimorar seu desempenho nestas.

Muitos dos que procuram atendimento em centros de Umbanda, escutam dos guias que seus problemas estão relacionados à mediunidade não desenvolvida, então achamos oportuno esclarecer algumas questões acerca deste diagnóstico.

Se a mediunidade é a capacidade de comunicar-se com os habitantes de outros planos da existência, a mediunidade não desenvolvida é como um telefone sem número e sem teclado: 99% das ligações recebidas são “engano” e as ligações feitas também, visto que não há mecanismo que permita digitar o número da pessoa com quem se deseja falar.

O que estamos tentando afirmar é que, quando uma pessoa apresenta condições para que os espíritos interajam de forma mais intensa com ela, mas não aprende a utilizar esta “ferramenta”, esta comunicação existirá ainda assim, porém de maneira inadequada.

O médium não desenvolvido, atuará como um imã de espíritos e energias que, ainda que sejam endereçadas a outrem, são atraídas involuntariamente para os médiuns pelas condições receptivas dos mesmos.

Na Umbanda, costuma-se diagnosticar como mediunidade o caso de pessoas que se encontram com os Chákras ativos e receptivos e, respeitando a Lei do Livre Arbítrio, é oferecido duas possibilidades de “tratamento”: O desenvolvimento mediúnico ou o “fechamento” provisório dos Chákras, sendo este último recomendado apenas como paliativo, para pessoas cujo momento pessoal não permita a dedicação ao trabalho mediúnico ou que ainda não tenha encontrado o local adequado para este desenvolvimento, lembrando ainda que não há necessidade de que o mesmo ocorra dentro da Umbanda.

Muitos irmãos médiuns e não médiuns costumam entender a mediunidade como um dom e um privilégio e, não estão totalmente equivocados. Porém, entendemos que ainda se faz necessário alguns esclarecimentos acerca disto.

A mediunidade pode ser considerada um dom, pois nem todos são dotados das ferramentas necessárias para exercê-la e, como qualquer outro dom, necessita de estudo e dedicação para que se desenvolva corretamente. Pelos mesmos motivos, podemos considerá-la um privilégio, que nos oportuniza o aprendizado através de um caminho que só pode ser trilhado por alguns.

O equívoco está na compreensão dos motivos que nos levaram a nascer com as condições de exercer o trabalho mediúnico. Muitos gostam de acreditar que foram escolhidos, que são especiais e/ou supostamente mais evoluídos espiritualmente que aqueles que não trazem em seus corpos energéticos as condições para que a mediunidade se estabeleça. Eis um erro que pode conduzir a outros, como a arrogância ou mesmo a pensar que a mediunidade é uma opção que podemos descartar.

Afirmamos sem medo de errar que, nenhuma das pessoas que nesta encarnação apresentam condições de comunicar-se com os espíritos de forma efetiva e com o auxílio destes manipular os elementos no plano extrafísico, está realizando estas atividades pela primeira vez. Todos os médiuns, desenvolvidos ou não, já se aventuraram em atividades religiosas, de feitiçaria, magia, bruxaria, vodu ou similares em outras encarnações.

Foram estas práticas que, semelhantes a exercícios físicos, adequaram seus corpos energéticos á prática da mediunidade nesta vida. 

Foram ainda estas mesmas praticas que, exercidas no passado de forma egoísta e em benefício próprio, criaram comprometimentos espirituais que podem ser resgatados exclusivamente através do trabalho descomprometido na caridade.

Portanto irmãos, a mediunidade não é simplesmente um dom e um privilégio, mas uma oportunidade única de honrarmos compromissos firmados no plano espiritual que nos permitirá resgatarmos uma dívida adquirida ao longo de inúmeras encarnações.

Concluímos então que, se o livre arbítrio nos permite aguardar a hora e local adequados para o desenvolvimento mediúnico, o mesmo não poderá ser adiado indefinidamente sem que isto resulte em maiores consequências e cobranças por parte do plano espiritual.

Há ainda que se levar em conta que, quando assumimos o compromisso – ainda antes de reencarnar – de tornarmo-nos auxiliares do plano espiritual através do trabalho mediúnico, comprometemo-nos também com diversos outros espíritos que, por conta disto, atrelam seu próprio desenvolvimento ao nosso. Desta forma, ao optar por não exercer a mediunidade, estamos ainda abandonando à própria sorte, espíritos amigos que, não possuindo alternativa, atuarão sobre nossas vidas de forma a nos lembrar dos compromissos previamente assumidos.

Concluindo 

“Esse caminho tem um coração? Se tiver, o caminho é bom; se não tiver, não presta. (...)Um torna a viagem alegre; enquanto você o seguir, será um com ele. O outro o fará maldizer a sua vida. Um o torna forte, o outro o enfraquece.” Carlos Castañeda (A Erva do Diabo)
Umbanda é apenas um dos muitos caminhos que conduzem à evolução espiritual, há muitos outros possíveis, criados para oportunizar à diversidade de espíritos encarnados e desencarnados deste planeta o aprendizado acerca de valores morais fundamentais. 

Ainda citando Castañeda: “Tudo é um entre um milhão de caminhos. Portanto, você deve sempre manter em mente que um caminho não é mais do que um caminho; se achar que não deve segui-lo, não deve permanecer nele, sob nenhuma circunstância.”

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