Durante uma “sessão de demandas” no terreiro em que
trabalho, o Sr. Exu das Sete Encruzilhadas se manifestou e recomendou um “trabalho”
incomum na Umbanda Branca, o que gerou dúvidas em seu médium (Eu). Alguns dias
após, surgiu em minha mente a explicação, com sua maneira própria de se
expressar. Não irei reproduzir aqui o
linguajar que ele utiliza no terreiro, por entender que faz parte de “sua
roupagem” adequada ao ambiente e ao entendimento daqueles que ali estão. Senti
sua presença e inspiração enquanto escrevia o texto que segue e o português
correto (diferente da sua fala corriqueira) me foi transmitido igualmente por
ele, tornando o ensinamento mais claro e adequado à linguagem escrita.
"Para entender o trabalho que foi solicitado, filho, e o por
quê, é preciso entender a natureza dos espíritos que atuam na Umbanda e o
trabalho que eles realizam... Cada Orixá traz suas qualidades, filho, e irradiam
essas qualidades para o mundo. Oxalá irradia a Fé, Ogum a Lei, etc. Os caboclos
e preto-velhos que trabalham nos terreiros também são irradiadores destas
qualidades dos Orixás.
Quando afirmo que eles irradiam estas qualidades quero dizer
que influenciam de maneira positiva aqueles que são irradiados por eles,
estimulando-os a seguir o caminho correto. É como os pais que educam os filhos,
lhes transmitindo valores morais, amor, carinho, compreensão, na esperança de
que trilhem o caminho da luz.
Mas nem todos os filhos dão ouvidos aos ensinamentos dos
pais, não é mesmo? Alguns fazem uso de seu livre-arbítrio e fora de casa fazem
o que acham mais conveniente. Na rua filho, quando eles agem de maneira a prejudicar alguém (outro ou
a si mesmo) deixam de ser os pais os responsáveis por fazer esses filhos
retomarem a trilha justa, este papel agora é da sociedade, com suas leis e seus
agentes da lei, não é mesmo? E é aí que nós (os Exus) entramos...
Nas “sessões de demandas” o filho pode perceber que os
caboclos orientam encarnados e desencarnados a fazerem as escolhas certas, de
acordo com a Lei Maior, seguindo seu caminho evolutivo sem prejudicar o outro
ou a si mesmo. E quando não conseguem (no caso dos desencarnados) encaminham
estes irmãos ao Ogum Megê (nós).
Nós não somos amorosos e carinhosos, filho, mas só atuamos com
aqueles que não conseguem aceitar a educação com amor e carinho, e paralisamos
eles. E nisto consiste a diferença fundamental entre nosso modo de agir e o
modo dos caboclos e preto-velhos: Eles estimulam o bem, nós paralisamos o mal.
No plano dos encarnados ser preso pela lei é uma punição,
mas no nosso plano é uma benção. Isso porque quem está agindo em desacordo com
a Lei Maior está prejudicando a si mesmo, contraindo carma, inimigos, semeando
(em si e nos outros) o ódio e a intolerância. Se ninguém interferir este irmão
seguirá afundando na lama em que se meteu.
Assim, quando nós paralisamos um espirito e o impedimos de
seguir cometendo os erros que ele insiste em cometer, isto é um gesto de amor
do Pai que, através de nós, impede esse filho de prejudicar-se ainda mais. Se
somos brutos, se usamos a força, não é por crueldade, mas apenas porque esses
irmãos ainda não estão receptivos às palavras de carinho e amor. Se estivessem,
quem agiria sobre eles seriam os caboclos e preto-velhos.
Então, lembre-se desse ensinamento:
- Os espíritos que atuam na Luz são irradiadores das
qualidades dos Orixás e estimulam o comportamento correto naquilo que irradiam,
de acordo com suas origens divinas, com sua formação e seu “posto de trabalho”.
Quando um caboclo de Oxóssi afirma trazer irradiação de Oxalá e Iemanjá, eles
está informando qual seu “campo de atuação”, qual sua influência, sua
especialização. É como um encarnado que estuda uma profissão (caboclo de
Oxóssi) e depois faz cursos que lhe acrescentam conhecimento e ampliam sua área
de atuação profissional (irradiação de Oxalá e Iemanjá).
- Nós - que também somos espíritos de Luz, mas que atuamos
nas regiões de sombra - não somos irradiadores, não estimulamos o bem, mas
impedimos e paralisamos o mal. E também estamos vinculados aos Orixás e é isto
que nos diferencia uns dos outros, determinando qual a área de atuação de cada
um.
Agora que o filho entendeu esta diferenciação no modo de
agir e a semelhança nas área de atuação, vou explicar como se dará o trabalho
que eu prescrevi, caso seja decidido nas esferas superiores que comandam o
terreiro que este deva ser feito.
O filho já sabe como se dão os trabalhos dos preto-velhos,
não sabe? Eles riscam o ponto de um caboclo de uma determinada linha (invocando
esse caboclo), utilizam os elementos de “força” desta linha (ervas, flores,
bebidas) e solicitam ao Orixá que irradie sobre a pessoa para quem está sendo
feito o trabalho as suas qualidades de Orixá, estimulando-a ao comportamento
correto naquele campo de atuação.
Conhecer o “campo de atuação” de cada Orixá é essencial para
que não se solicite questões relacionadas à Justiça a um Orixá que atua
irradiando Amor, ou a Lei a quem irradia a Fé.
O mesmo acontece com os Exus, filho...
Neste trabalho, especificamente, será riscado um ponto
invocando os Exus comandantes das linhas que são análogas às linhas comandadas
pelos caboclos e que estão diretamente ligadas a cada Orixá. Neste processo
serão utilizados os elementos de “força” dos Exus, e a cada um deles será
solicitado que atue (sobre a pessoa) em seu campo de atuação, paralisando um
comportamento negativo e impedindo que este filho desça mais sua vibração e
atraia para si complicações que dificultarão o seu retorno ao caminho ascensional.
Tudo dentro dos limites da Lei da Umbanda, da Lei do livre-arbítrio
e da Lei do Carma.
O trabalho dos Exus será desestimular certos tipos de
pensamentos, impedir a aproximação de determinados espíritos, dificultar o acesso
a alguns caminhos errados e, uma vez que este filho esteja livre de influências
negativas estará também mais receptivo às influências positivas irradiadas pelos
Orixás através dos caboclos e preto-velhos.
Eu lhe transmiti essas informações para que compreendas um
pouco mais da natureza do trabalho que realizamos juntos e também para o esclarecimento
dos seus colegas umbandistas que, como a maioria das pessoas, temem aquilo que
desconhecem.
O Conhecimento - aliado à Fé e ao exemplo - é a melhor
maneira de eliminar um preconceito. E o filho sabe que a falta de informação, a
fé conveniente aos interesses mundanos e o mau exemplo de espíritos descompromissados
com a Lei tem promovido muito preconceito em relação à Linha de Trabalhos de
Exu.
Um Exu de Umbanda é um agente da Lei, subordinado à Ogum,
irradiado pelos Orixás, atuante nas regiões sombrias e responsável por
paralisar comportamentos viciados, desequilibrados e desequilibrantes.
Este esclarecimento, filho, não trás nenhum “mistério
revelado”, nenhuma novidade, nenhum segredo oculto e impenetrável. Não é
conhecimento iniciático ou esotérico, portanto não há mal em divulgar isso para
quem quer que se interesse pelo assunto."
Diego Silva – através de comunicação mediúnica com o Exu das
Sete Encruzilhadas
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