11 de jan. de 2012

Ensinando o padre a rezar missa parte I



A expressão popular “Quer ensinar o padre a rezar missa”, pode ser lida de diferentes maneiras, embora nenhuma delas seja positiva. Entende-se que o padre, objeto da sentença, apenas por ser o que é (padre) e ter como ofício “rezar missas”, supostamente já sabe tudo que deveria a respeito do assunto.

Esta expressão é utilizada comumente para desqualificar o interlocutor que, não sendo padre (ou o ofício em questão), fica caracterizado como incapaz de opinar acerca da maneira que outrem exerce suas funções.
Eu – como de hábito – discordo deste subterfúgio infame de quem teme o debate e se isola em sua pretensa experiência, como se esta fosse sinônimo de sabedoria.

Não descarto a experiência e sua inquestionável contribuição para a aquisição de conhecimento de causa através da prática cotidiana, porém, gostaria de lembrar o desavisado leitor que, esta mesma experiência também contribui para a formação dos hábitos, tradições e estagnações consequentes destes.

Quem, ao sugerir uma maneira diferente de realizar uma tarefa, jamais ouviu de seu interlocutor que este vem procedendo desta maneira há “XX” anos com relativo sucesso?

Partindo da equivocada premissa de que a repetição do passado se adequará naturalmente às demandas do futuro, observamos empresas, corporações, produtos e profissionais tornarem-se obsoletos da noite para o dia.
Se “repetir as mesmas ações esperando resultados diferentes” é sinônimo de insanidade para Einsten, acreditar que um cálculo feito no passado ainda é válido, quando – muito provavelmente – as variáveis já se alteraram, demonstram equívoco de suposição.

Suponhamos que você (ou o padre) e seu produto/serviço sejam o “X” da questão e, o seu público consumidor (fiéis, no caso do padre) sejam a variável “Y”, e “10” seja o índice de satisfação ideal que desejamos obter ao concluir o cálculo.

Sua atitude, somada às circunstâncias da variável “Y” devem resultar 10, logo:

X + Y = 10
Y = 7
X = 10 – 7
X = 3

Conclui-se que, sendo a variável “Y” = 7, faz-se necessário que o produto/serviço “X” seja “3” para obter o resultado almejado “10”. Se entendermos que o seu público alvo é uma variável (e portanto varia), o cálculo segue sendo válido, mas não o resultado, pois se “Y” transmutar-se em 4, “X” deverá dobrar o seu valor original para que o resultado final permaneça 10. Estão me acompanhando ou tornei-me muito abstrato?

Resumindo: Se repetir a mesma ação significa refazer constantemente o cálculo alterando as variáveis na medida em que uma delas altera-se, alheia à sua vontade, então você pode estar correto. Contudo, se o que você entendeu da sua experiência é que sendo “X = 3” o resultado final sempre será “10”, você está equivocado, visto que “Y” pode assumir outros valores.

A impermanência de tudo que existe no universo, a transitoriedade e a constante evolução, são as premissas fundamentais que devem ser absorvidas por todos que julgam que, basta ser padre para saber rezar a missa, ou – para citar alguém acostumado a desmentir os padres – como concluiu Charles Darwin: “não são os mais fortes nem os mais sábios que prevalecem, mas os que melhor se adaptam às circunstâncias”.

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