Os Caminhos dos Essênios - A vida oculta de Cristo decifrada - Daniel Meurois e Anne Givaudan
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Não sou historiador, não busco a verdade dos fatos, mas o conteúdo por detrás da narrativa. Foi desta forma que me dediquei a esta primeira de muitas leituras que pretendo dedicar a este precioso livro.
Aqueles habituados às leituras de natureza ocultista e práticas mediúnicas e paranormais, identificarão de imediato inúmeras técnicas descritas neste livro. Porém, a técnica está lá menos com o propósito instrutivo e mais como parte fundamental da narrativa.
Muito bem escrito, teria valor mesmo como entretenimento, como mero romance, mas não o é. Este livro encantador, é pleno de ensinamentos valiosos e palavras sábias, tocou-me profundamente acima da razão, sem que para isso precisasse violenta-la, suprimi-la. Minha razão aceitou facilmente tudo que li em “O Caminho dos Essênios”, principalmente pela qualidade dos ensinamentos contidos neste, pois que me fala ao coração, à alma, me fala de uma moral sólida e fundamentada de como agir nas relações entre os iguais e os diferentes. Nas relações com o universo e com aqueles que nele habitam e que no fundo são o mesmo ser.
Penso que o mais que eu diga, só irá diminuir o valor deste livro, então, deixo alguns trechos que coletei aqui e ali, sem ordem cronológica no contexto do livro, mas que podem ajudar a passar uma pequena ideia do que lhes espera entre estas páginas.
“— O que acabas de contar, Irmão, não precisa de comentários. Não farei como certos escribas e mestres na arte de falar que desmontam as narrativas e os seres sem perceber que desperdiçam seu âmago. Seu mental destila uma água de morte. Tua história é verdadeira porque fala ao meu coração, porque resolve em mim lembranças que não estão contidas em livro algum. Ela sai diretamente das raízes da Grande Arvore!
Não quero matá-la, pois ela vivifica as histórias do meu povo.
É preciso que saibas que vejo nela, ao mesmo tempo, uma prova de nossa antiga fraternidade. Os relatos mais secretos de que outrora me fizeram depositário usam os mesmos símbolos que os teus.
O espírito do teu Mestre age, eu o sei, na encruzilhada dos caminhos de nossa ascensão. Assim, as múltiplas cruzes que servem de emblema aos homens de tua raça não deixam de lembrar-me uma história que não pertence só aos que vivem aqui, mas a toda a humanidade.”
“Por que obrigar o ser a acreditar quando seu ser profundo não se abre? Podemos dar o nome de "chave" ao que força uma fechadura? Sabíamos que existia uma palavra para cada tipo de coração, como um jardineiro para cada variedade de planta.”
"Os outros? Como podeis falar em outros? Deveis falar de vós, em outros lugares, com outros rostos! Não vedes como estais ligados? A claridade do vosso coração completa a claridade de quem chamais de próximo. Sede o próximo e estareis em toda parte ao mesmo tempo, em todos os espíritos, sereis o que Eu Sou, ou seja, vós mesmos!"
“Hoje compreendo que sua reação, sua história, não eram as de um povo ou de uma casta definida; eram as do homem que se nega a ver outra coisa a não ser o que sempre lhe mostraram. O espírito da imobilidade assemelha-se ao do sono. O espírito do movimento frequentemente passa por desconfortos e às vezes pelo escândalo, mas é preciso escolher: "A Força do Dois pertence a quem pisa e martela o solo com seu passo dual — dizia o Mestre. A do Três projeta-se para frente, passando por todos os riscos, vai em busca da onipresença e identifica-se com a energia do Uno."
“- Não, Simão, não! Quem usa a veste jamais jura... Basta tua palavra.
Adotarás este princípio por toda a vida, lembra-te disso. Age de modo que um "sim" seja um "sim" e um "não", um "não". Os de Abraão sabem disso; sabem o quanto vale a palavra de um Irmão de branco e não exigem juramentos da tua boca.”
“- Nossa religião? De agora em diante não uses este termo... Que significa ele? Que alguns viemos ao mundo com uma cor de pele, com hábitos e modos de acreditar e de esperar? Se é isto, nada significa. Não temos religião, Simão, não temos crenças, caminhamos sem bastão sobre o feixe luminoso saído da boca do Pai... e preparamos a entrada d'Aquele que vai chegar.”
“- Que nos importa que saibais, como o exigimos, as palavras dos antigos textos dos Povos do Sol? Não o compreendeste? E unicamente vossa vontade que cultivamos, além da vossa memória; é a ferrugem que expulsamos de vossos cérebros, nada mais nos importa. “
"Dito isto, cultivarás duas qualidades primordiais: a vontade e a paciência.
Aprende, pois, a querer com constância, firmeza e regularidade mais do que com teimosia, porque a obstinação cega ergue muralhas inconscientes, intransponíveis. Assim, que tua doçura seja firme e que tua vontade seja infatigável! Desta forma, nunca te tomaras insensível no teu trabalho. Enfim, teu progresso será verdadeiro desde que não queiras passar pelo fio da espada do teu pensamento o que tiveres diante dos olhos, mas tentes compreendê-lo e amá-lo”...
“- Uma frase articulada é um universo, uma palavra pronunciada é um mundo com seu sol, um som emitido é um planeta, uma terra de vida. Sabei que na realidade sois um deus pelas palavras que fazeis nascer de vossa boca. Elas criam e sustentam mundos dos quais não suspeitais, mas que agora não podeis ignorar. “
“Os textos mais antigos que nossa Terra abriga proclamam que tudo começou com um som emitido pelo Pai. Não é uma afirmação vã. A vibração é a vida mais original que se possa conceber. Então é importante, para obrar no caminho do Sem Nome, que as palavras não caiam de vossos lábios, mas fluam docemente como um leite vital. E importante que não surjam como uma torrente, mas se espalhem calmamente como uma onda de frescor. Outros irmãos além de mim ensinaram-vos a analogia e seus princípios, recebei, portanto, minhas palavras segundo esses princípios. A partir de hoje, tentareis ver em cada palavra um sistema solar, absorvereis seu radical significante como luminosidade central, sentireis cada uma de suas sílabas, cada um de seus sons como planetas... “
"Sabei que estes sons são matéria num plano que vossos olhos e vossa reflexão ainda não conseguem atingir. Guardai bem isto, a matéria é uma força. Precisareis aprender a manejá-la segundo vosso coração, porque, como toda energia, ela se mostra dual, vivificante ou devastadora... Da exatidão da vossa pronúncia, do calor que sabereis nele incluir através das vibrações de vosso coração, dependerá sua ação."
“Os bois e os carneiros já tinham sido escolhidos e não havia um pobre que não tivesse oferecido um simples pássaro em holocausto. Para todos nós, embora respeitássemos o pensamento do povo de Israel e admitíssemos seus fundamentos, as coisas não se apresentavam sob um aspecto tão simples. Desde o início tinham-nos ensinado que os homens, antes de mais nada, tinham a própria existência e o próprio destino entre suas mãos e deviam encontrar suas forças em si mesmos, em harmonia com o Pai em vez de unicamente recorrer a ele. Sempre nos foi dito que isso seria uma das condições do crescimento de nosso ser profundo. “
“Eu não sabia para onde ia, mas acabei por compreender que era preciso ir, que eu o quisera assim outrora, ... nos mundos onde a alma forja sua vida futura. Nazarenos, nazaritas e essênios acreditavam na doutrina dos múltiplos nascimentos da alma. Para eles, reencarnação não era uma palavra vã. Mais do que uma doutrina a ser seguida, ela era, para aqueles homens, uma realidade de todos os dias, que provas contínuas sustentavam. Por outro lado, esta noção de provas num domínio puramente metafísico não tinha credibilidade. Cada qual sentia a ordem das coisas com sentidos hoje embotados o que, em inúmeros casos, sem dúvida equivalia ao rigor das experiências que se obstinam em deixar o espírito na porta do laboratório. “
“Nós, aliás, respeitávamos a palavra de Moisés e dos grandes guias que o tinham sucedido. Sabíamos perfeitamente que alguns dentre eles eram de raça de Essânia, verdade que não se devia proclamá-lo e que poderíamos ser apedrejados. Suas palavras, por mais sagradas que fossem, não eram, para nós, as únicas a deverem ser honradas e estudadas. Tinham, para nós, a aparência de um aspecto da revelação progressiva do Pai, representavam uma simples página de um livro imenso que as estrelas escrevem sobre a Terra desde épocas imemoriais, uma página que se podia ler em diferentes níveis e que continha algo bem diferente de significado de suas simples letras. “
“Na verdade, na sociedade dos homens, além das montanhas da terra inteira, não há lei do Pai. Os templos só conseguirão ditar-te sempre a lei da sombra do Pai. A única lei, a verdadeira lei, não é uma lei, mas uma compreensão, uma harmonia, uma inspiração e uma expiração que fazem do ser uma célula do Divino. “
“Falamos aos homens da Terra em múltiplas línguas, sob múltiplas aparências, demos a eles deuses adequados, conforme o brilho de sua alma. Não vos escandalizeis com estas palavras, amigos, porque uma luz demasiado forte cega quem sempre viveu na noite. As cortinas que velam o esplendor da Terra do Pai só podem ser afastadas uma a uma, com infinitas precauções. Sabemos o que dizemos. Houve um tempo em que os homens deste mundo viviam numa outra Terra, diferente desta, em alguma parte da espiral... a luz forte demais aniquilou o sopro de seus corações; a força mental matou seu amor, e seu mundo foi projetado nos confins dos universos.”
“- Eis a energia do Pai transformada segundo a vontade de nossos corações - disse um dos seres, englobando o local com um amplo gesto do braço.
- Tudo isso pode tornar-se tão duro quanto a rocha e tão translúcido quanto o fulgor das tochas da alma. Basta que se faça a vida circular mais, ou menos, rapidamente. Esta é uma das formas da criação. Vós próprios sois criadores através dos vossos pensamentos; são estes pensamentos que, neste reino, depois em outros, devem transformar-se, depois criar a matéria como escada do Espírito.
- Precisais aprender a manejar o éter através da força do vosso amor. Sabei que cada idéia inclui uma partícula de vida etérea num movimento vibratório e aprendei o que é a matéria: uma miríade de partículas de vida magnetizadas pela força de uma idéia persistente e dirigida. Assim é construído o homem, assim é modelado este carro, assim se deve aprender a obrar.
- A Matéria, o Espírito e a Força são Um, sede portanto Um com o divino, queremos dizer, com um estado de espírito que aceita a substância criativa onipresente. Isto não seria a aceitação de uma fé vaga, sem discernimento, pois a verdadeira fé exige a união da sabedoria com grandes leis para criar sem limites. Tampouco seria uma técnica do mental; este, na verdade, só pode governar em universos concretos, por falta de união com os entrelaçamentos do sol interior... “
"Devemos saber - diziam os Irmãos do Krmel - que há duas formas de ser inumano: a primeira diz respeito ao animal que satisfaz os apetites do seu ego coberto de escamas; a segunda é a de todo mestre de luz, ao qual numerosas existências de ação e reflexão lhe permitiram compreender o verdadeiro sentido do bem e do mal. Este sabe que compreendeu a finalidade de ambos os conceitos, não se deixando levar pela moral episódica de uma época e de um corpo. O cosmos não sabe o que é moral, ele sabe o que é amor e isto basta, pois o amor é tudo. De preferência, debrucemos nossas almas sobre a imagem da luz e sobre a da insuficiência de luz; isto possibilita a ação no sentido nobre do termo..."
“Se deres ouro à tua mula, que achas que ela pode fazer com ele? Não adiantaria um rei servi-lo numa manjedoura de prata, porque ela iria preferir os restos de forragem do inverno anterior. O mesmo acontece com os homens; a cada um seu quinhão. O caminho da evolução é longo e a percepção do autêntico se adquire com dificuldade. A quem só puder ver a divindade entre as árvores, fala-lhe de um deus que se fez árvore. Aprende, então, a admitir as diferenças, porque o ouro espiritual não se impõe..."
“Ele não cessava de repetir que a verdade não tinha rosto, que o homem devia buscar-se no homem por seu próprio trabalho e que todos éramos átomos de um corpo ao qual não tínhamos consciência de pertencer: o corpo de seu Pai.”
“Nossa tarefa era ajudar a todos a encontrarem uma sensibilidade esquecida e instruir os mais preparados nos princípios harmoniosos do Universo.”
"Se vossos olhos apreendessem a ver e não só a enxergar, chorariam diante do espetáculo dos homens que andam ao redor dos seus sepulcros, procurando seus bens entre as larvas enredadas entre suas posses e poderes ilusórios. Quanto tempo levarão para perceber o raio de luz vindo para tirá-los de seu fosso?
Assim, não vos proponho o poder, mas uma compreensão. Compreender é amar. É dessa forma que tudo se realiza. Vossa Terra, meus Irmãos, é construída à imagem de todas as terras do universo. Deveis imaginá-la semelhante a um ser com inúmeras vestes, cada uma delas revelando uma natureza tanto mais sutil quanto mais distante se situa da pele. As vestes da Terra são cântaros muito mais inesgotáveis do que parecem aos nossos olhos. A natureza visível, a que vos nutre e que erradamente pensamos ser infatigável, é a primeira delas.
Quanto à natureza invisível, esta situa-se além, na direção do sol. É para lá, para nenhum outro lugar mais, que deveis ir e saciar-vos. Tomai as coisas que vosso coração autêntico reclama, lá onde elas realmente estão, ou seja, na alma e no espírito da vossa Terra”.
“— Estas montanhas, estas plantas, vossos corpos, tudo o que vive ou parece dormir — neste mundo e na multidão dos outros — é comparável à corda de um arco que um dedo voluntário periodicamente vem distender. Deveis ter observado este fenômeno: quando uma corda é dedilhada, depois relaxada, põe-se a vibrar de forma a tornar-se invisível aos nossos olhos num curto espaço de tempo.
Assim funcionam nossos corpos. Eles vibram permanentemente ao contato com forças imperceptíveis aos nossos sentidos. Contudo, eles vibram tão lentamente que não podemos imaginar. E isto que os torna densos e palpáveis. Imaginai agora que agísseis sobre eles como sobre um arco, através da energia mais poderosa que existe, a energia do amor. Suas vibrações os ocultarão dos olhos do homem comum. “
"Assim acontece com meu reino e seus habitantes. Os átomos que os compõem deslocam-se tão rapidamente que nossos olhos não podem abrangê-los nem nossas mãos agarrá-los”.
"Sabei, pois, que o que chamamos 'real' reveste-se de múltiplas faces que desafiam a razão e a lógica fabricadas por certos humanos”.
"Agora posso afirmar-vos, meus Irmãos, minha missão não é estabelecer meu Reino sobre esta Terra, mas levar esta Terra para meu Reino”.
"Ativarei a vida do vosso mundo suscitando vibrações sutis em vossos corações. Talvez eu nunca tenha falado tão concretamente. Não poderia haver teoria poética na minha boca, mas antes a expressão de uma geometria do coração e da alma”...
"Os universos e o firmamento que contemplais a cada noite evoluem seguindo as mesmas regras”.
"Eles se banham num oceano de vida onde um dedo invisível, o dedo do Sem Nome, leva-os a vibrar periodicamente segundo ritmos que aumentam sem cessar. A multidão dos corpos celestes progride assim, ciclicamente transmutada, impelida de uma realidade a outra, fugindo inexoravelmente das limitações da densidade. O Eterno, meus Irmãos, é um músico que emite notas cada vez mais altas na escala. O tom, nascido de seu sopro, sobe um grau a cada dois mil anos e, no final do sexto desses tons, os mundos entram numa etapa vibratória. Eu vos digo, sou o principal artesão da sexta tonalidade, um fermento que deve fazer vibrar de outra forma a entrada dos corações no final dos dois milênios futuros”.
"E preciso que a rocha se transforme em pedra preciosa, que a erva seja árvore, que o animal desperte para a humanidade, que o humano se despoje para deixar surgir o iniciado, semelhante aos Irmãos das estrelas”...
— "É preciso que o anjo desabroche em arcanjo, que do planeta brote um sol e, finalmente, que o sol se glorifique num fogo cósmico central”.
"Isso se realizará primeiro por uma eterização da matéria e das consciências ao nível de nosso universo, fenômeno consecutivo a uma purificação externa e interna de cada forma de existência”.
"Tudo tem a ver com o nível de consciência, o resto não passa de uma aplicação deste princípio, meus Irmãos."
“— Não explicareis estas coisas ao povo — disse o Mestre, como se tivesse lido nossa inquietação. — Jamais volteis mais de uma página da revelação de uma só vez; há um tempo para tudo, um livro para cada um. Sabei falar de colheita com quem trabalha na vinha e nos campos. Falai de pesca a quem tem o barco e as ondas como seu único universo. Não basta saber, é preciso saber calar.
Não para dissimular, mas para chegar ao essencial, evitando determinados horizontes que ainda poderiam assustar.
"Toda arte que vos peço prende-se a estas três palavras: amor, progressão, discernimento."
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